O Senado Federal aprovou, de forma unânime, o Projeto de Lei 2088/2023, conhecido como Lei da Reciprocidade Econômica. A proposta visa estabelecer contramedidas comerciais contra barreiras ambientais e comerciais impostas unilateralmente por outros países, impactando diretamente setores produtivos brasileiros. A iniciativa surgiu em um momento crítico, um dia antes do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar novas tarifas sobre produtos brasileiros.
A Lei da Reciprocidade Econômica
Relatado pela senadora Tereza Cristina (PP-MS), o projeto foi aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e segue para votação em regime de urgência na Câmara dos Deputados. A proposta já havia passado pela Comissão de Meio Ambiente (CMA) e recebeu apoio de parlamentares da bancada ruralista e do governo federal.
O objetivo do PL é garantir que o Brasil possa responder proporcionalmente a medidas protecionistas estrangeiras que prejudiquem a competitividade internacional dos produtos brasileiros. Com isso, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) terá um papel fundamental na aplicação dessas medidas, assegurando uma abordagem técnica e alinhada aos interesses nacionais.
O PL foi originalmente proposto pelo senador Zequinha Marinho (Podemos-PA) como uma resposta às restrições ambientais impostas pela União Europeia, especialmente a “lei antidesmatamento”, que entra em vigor no final do ano. No entanto, o texto substitutivo de Tereza Cristina ampliou seu escopo, permitindo a aplicação da Lei da Reciprocidade Econômica contra qualquer país ou bloco econômico que adote medidas prejudiciais ao Brasil.
A proposta também visa fortalecer a capacidade do governo brasileiro de responder a políticas comerciais consideradas desleais, evitando impactos negativos ao setor produtivo nacional. O novo texto do projeto prevê que, antes de aplicar qualquer contramedida, o governo busque soluções diplomáticas através do Ministério das Relações Exteriores.
Impacto e expectativas
Caso aprovado na Câmara, o projeto permitirá ao Brasil suspender concessões comerciais, reavaliar acordos de propriedade intelectual e impor restrições a investimentos estrangeiros em resposta a barreiras comerciais injustificadas. Essa estratégia busca garantir maior previsibilidade para o setor produtivo e fortalecer a posição do Brasil em negociações internacionais.
A senadora Tereza Cristina destacou que a Lei da Reciprocidade Econômica não é uma medida de retaliação, mas sim um mecanismo de defesa dos produtos brasileiros. “Se o Brasil for alvo de sanções desproporcionais, teremos condições de reagir com medidas na mesma proporção”, afirmou.