Em 2024, o Brasil alcançou sua pior posição no Índice de Percepção da Corrupção (IPC), elaborado pela Transparência Internacional. Com o 107º lugar no ranking global, o país empatou com Nepal, Argélia, Malauí, Níger, Tailândia e Turquia, refletindo graves desafios na área de combate à corrupção.
Índice de Percepção da Corrupção
Divulgado anualmente desde 1995, o IPC avalia 180 países e territórios, atribuindo notas de 0 a 100 com base na percepção de especialistas sobre a integridade no setor público. Em 2024, a Dinamarca (90 pontos), Finlândia (88 pontos), Cingapura (84 pontos) e Nova Zelândia (83 pontos) lideraram o ranking como os países menos corruptos.
No caso do Brasil, fatores como a falta de avanços consistentes na agenda anticorrupção e decisões controversas das autoridades contribuíram para a piora. Este cenário, segundo a Transparência Internacional, reflete um retrocesso nas políticas de prevenção e combate à corrupção.
Fatores que influenciaram no péssimo resultado Brasileiro
Um dos principais pontos destacados no relatório foi o silêncio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação à pauta anticorrupção. Além disso, a permanência do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, em seu cargo, mesmo após ser indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva, fraude em licitações e organização criminosa, reforçou a percepção de impunidade.
Outro ponto polêmico foi a volta de empresários envolvidos em escândalos passados ao cenário político, como os irmãos Joesley e Wesley Batista, do Grupo J&F, que participaram de uma reunião no Palácio do Planalto com a presença do presidente.
Decisões do Judiciário
O Supremo Tribunal Federal também teve destaque no relatório, especialmente em relação às decisões do ministro Dias Toffoli que anularam sanções previstas em acordos de leniência. Entre os casos citados, está a suspensão de uma multa de R$ 10,3 bilhões do Grupo J&F e de R$ 8,5 bilhões da empreiteira Novonor (antiga Odebrecht).
Ainda foram levantadas suspeitas sobre o envolvimento de magistrados em conflitos de interesse, incluindo ligações com escritórios de advocacia de parentes e casos de lobby judicial. Essas práticas intensificaram a percepção de corrupção dentro do Judiciário.
O relatório também destacou a relação entre a corrupção e os impactos ambientais. A Operação Overclean, deflagrada em dezembro, revelou um esquema que movimentou R$ 1,4 bilhão por meio de fraudes em licitações e desvios de recursos no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). Essas práticas prejudicaram a fiscalização ambiental, aumentando o desmatamento e a exploração ilegal de ouro.
A implantação efetiva das recomendações da Transparência Internacional pode ser um passo importante para reverter esse cenário e recuperar a confiança da população nas instituições brasileiras.