A Polícia Federal (PF) entregou nesta terça-feira (17) um relatório ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Procuradoria-Geral da República (PGR) com o indiciamento de mais de 30 pessoas no caso da Abin paralela. Entre os nomes estão o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu filho Carlos Bolsonaro e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência.
De acordo com a PF, Jair Bolsonaro é apontado como líder de uma organização criminosa que teria criado um sistema ilegal de espionagem dentro da própria Abin. O relatório também atribui a Ramagem a função de chefe operacional do esquema, que teria sido estruturado desde 2019, durante sua gestão na agência de inteligência.
Abin Paralela: Suposto esquema envolvia espionagem ilegal
O inquérito da Polícia Federal revela que o grupo utilizava o software First Mile para monitoramento clandestino de autoridades, adversários políticos e outros cidadãos. Além desse sistema, foram identificadas outras práticas de vigilância consideradas ilegais, operadas pela Abin paralela ao longo de vários anos.
Entre os indiciados também estão policiais federais afastados, além de assessores próximos ao ex-presidente, como Tércio Arnaud Thomaz e José Matheus Salles Gomes, conhecido como “Zueiro”. Ambos integravam o chamado “gabinete do ódio” e, segundo os investigadores, colaboraram nas ações de espionagem.
Após o recebimento do relatório, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, encaminhou o documento ao Ministério Público. Agora, cabe ao MP analisar as provas reunidas pela PF e decidir se apresenta uma denúncia formal à Justiça ou se opta pelo arquivamento.
Se o Ministério Público decidir pela denúncia e ela for aceita pelo STF, os envolvidos no esquema da Abin paralela se tornarão réus, passando a responder judicialmente pelos crimes investigados.
PF também indicia agentes ligados ao Governo Lula
As investigações sobre a Abin paralela não se restringem apenas a aliados do ex-presidente Bolsonaro. O relatório também inclui nomes de integrantes da atual gestão da agência. Um dos destaques é Paulo Maurício Fortunato, ex-secretário de Planejamento da Abin, que atuou tanto em governos anteriores quanto no início do governo Lula.
Fortunato é apontado como responsável pela implementação do sistema First Mile e é acusado de tentar dificultar as investigações enquanto ocupava funções de comando dentro da Abin.
Além de Fortunato, a PF indiciou outras figuras importantes da atual estrutura da Abin, incluindo:
– Luiz Fernando Corrêa, atual diretor-geral da Abin;
– Luiz Carlos Nóbrega Nelson, chefe de gabinete;
– José Fernando Moraes Chuy, corregedor da agência.
Esses nomes aparecem no relatório devido a supostas tentativas de obstrução das investigações e envolvimento em ações irregulares.
O delegado Alessandro Moretti, que foi afastado do cargo de número dois da Abin em janeiro de 2024, também integra a lista de indiciados. Moretti manteve-se no cargo durante o primeiro ano do governo Lula, mesmo sendo próximo de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça na gestão Bolsonaro.