A estimulação cerebral profunda, uma técnica que envolve a implantação cirúrgica de eletrodos no cérebro, trouxe uma nova esperança para pessoas com paralisia. Dois pacientes que sofreram lesões na coluna e perderam a mobilidade da cintura para baixo conseguiram voltar a andar com o uso dessa tecnologia inovadora.
Como funciona a Estimulação Cerebral Profunda
Publicada na revista Nature Medicine, a pesquisa detalha o funcionamento da estimulação cerebral profunda (DBS, na sigla em inglês). Essa técnica já era utilizada no tratamento de condições neurológicas, como Parkinson e Alzheimer. No entanto, seu uso em pacientes paralisados representa um avanço inédito.
A estimulação cerebral profunda exige a implantação de eletrodos em áreas específicas do cérebro. Quando ativados, esses eletrodos estimulam grupos específicos de neurônios. A novidade está na aplicação dessa técnica em regiões do cérebro que, até então, não eram diretamente associadas ao controle motor das pernas.
Primeiros resultados: “Sinto Minhas Pernas”
A neurocirurgiã Jocelyne Bloch, responsável pelos procedimentos, destacou a reação surpreendente de uma das pacientes. “Assim que o eletrodo foi colocado e realizamos a estimulação, a paciente imediatamente disse: ‘Sinto minhas pernas’”, relatou Bloch.
O feedback da paciente durante o procedimento confirmou que os pesquisadores haviam atingido a área correta do cérebro, mesmo que essa região nunca tivesse sido associada ao controle das pernas em humanos. Com o aumento da estimulação, a paciente expressou vontade de andar, marcando um momento decisivo na pesquisa.
Caso de Wolfgang Jäger
Wolfgang Jäger, de 54 anos, foi o segundo paciente a ser submetido ao tratamento. Paralisado desde 2006, ele relatou progressos notáveis em sua vida diária. “No ano passado, durante as férias, consegui andar alguns passos para chegar ao mar usando a estimulação”, revelou em entrevista ao “NewAtlas“.
Além disso, Jäger relatou conquistas no dia a dia, como alcançar itens nos armários da cozinha, tarefas que antes eram impossíveis sem ajuda. Essas pequenas vitórias ilustram o impacto positivo da estimulação cerebral na qualidade de vida de pessoas com paralisia.
Um dos destaques do estudo foi a manutenção das melhorias mesmo após a desativação da estimulação. Esse resultado sugere que a técnica não apenas ajuda temporariamente, mas também promove uma reativação duradoura das conexões neurológicas responsáveis pela mobilidade.
A estimulação cerebral profunda surge como um marco no tratamento de paralisias, oferecendo esperança e novas possibilidades para pacientes que perderam a mobilidade. O impacto positivo nos casos apresentados reforça a importância de continuar investindo em estudos clínicos e tecnológicos para ampliar o alcance dessa técnica.