O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a realização de uma acareação entre o general Walter Souza Braga Netto, ex-ministro do governo Jair Bolsonaro, e o delator Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente. A medida foi tomada após solicitação da defesa do general, que busca esclarecer divergências nos depoimentos prestados no inquérito que apura uma possível tentativa de golpe.
Além desse encontro, o ministro também permitiu uma segunda acareação, desta vez entre Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, e o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército em 2022 e testemunha-chave no processo.
Acareação no STF busca esclarecer contradições em investigação sobre tentativa de golpe
As duas acareações foram marcadas para a próxima terça-feira (24), na sede do Supremo Tribunal Federal, em Brasília. O encontro entre Braga Netto e Mauro Cid ocorrerá às 10h da manhã. Na sequência, às 11h, será realizado o confronto entre Anderson Torres e o general Freire Gomes.
Braga Netto, que atualmente cumpre prisão em uma unidade militar no Rio de Janeiro, deverá comparecer presencialmente à audiência. Para isso, precisará utilizar uma tornozeleira eletrônica e viajar à capital federal na segunda-feira (23). Após o procedimento, ele retornará imediatamente à prisão no Rio de Janeiro, permanecendo incomunicável, exceto com sua equipe de defesa.
A defesa de Braga Netto solicitou o adiamento da acareação para o dia 27 de junho, alegando que um dos advogados estará em viagem na data inicialmente prevista. Até o momento, o ministro Alexandre de Moraes não se pronunciou sobre esse pedido.
Por que a acareação foi solicitada
Os pedidos de acareação partiram das próprias defesas de Braga Netto e Anderson Torres. Ambos são réus no processo que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado e são apontados como integrantes do chamado “núcleo operacional” da organização investigada.
Segundo os advogados, os depoimentos prestados até o momento apresentam inconsistências que precisam ser esclarecidas. A intenção é confrontar as partes envolvidas para sanar divergências e buscar a verdade dos fatos.
Divergências sobre o plano ‘punhal verde e amarelo’
De acordo com os advogados do general Braga Netto, existem “contradições insanáveis” entre as declarações de Mauro Cid e as do próprio general. O principal ponto de conflito gira em torno do plano denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que, segundo as investigações, previa desde ações de monitoramento até supostos atos extremos, como o assassinato de autoridades.
A defesa de Braga Netto quer esclarecer a acusação de que ele teria entregue recursos financeiros para custear as operações do plano, conforme relatado por Mauro Cid em sua delação.
No caso de Anderson Torres, o objetivo da acareação é esclarecer declarações do general Marco Antônio Freire Gomes, que relatou a possível participação do ex-ministro da Justiça em reuniões com teor golpista. A defesa de Torres busca questionar a veracidade dessas informações, apontando supostos equívocos nas versões apresentadas por Freire Gomes durante o processo.