Entre os mais de 20 milhões de brasileiros que recebem Bolsa Família, um dado chama a atenção: mais de 7 milhões de famílias permanecem no programa há 10 anos ou mais. Esse número, referente a fevereiro de 2025, representa 34,1% do total de beneficiários, e evidencia as dificuldades enfrentadas por muitos brasileiros em alcançar a autonomia financeira e deixar a dependência do benefício social.
7 milhões recebem Bolsa Família a uma década
Informações obtidas via Lei de Acesso à Informação, com base em dados do Ministério do Desenvolvimento Social, mostram que um terço das famílias que recebem Bolsa Família estão no programa há pelo menos uma década. Isso indica que, para muitas pessoas, sair da situação de vulnerabilidade ainda é um grande obstáculo. O Nordeste lidera com 38,8% dos beneficiários nessa situação, seguido pelas regiões Norte (33,7%), Sul (29,5%), Sudeste (29,1%) e Centro-Oeste (26,9%).
Apesar de não haver um limite de tempo para permanecer no programa, o governo federal tem adotado medidas para estimular a autonomia dos beneficiários. Entre elas, está a “Regra de Proteção”, que mantém metade do benefício por até 24 meses para famílias que aumentarem sua renda, como forma de facilitar a transição para fora do programa.
Regras e critérios para receber o Bolsa Família
Atualmente, têm direito a receber Bolsa Família famílias com renda mensal de até R$ 218 por pessoa, desde que estejam devidamente cadastradas e cumpram os critérios exigidos, como a presença de gestantes, lactantes ou menores de 18 anos. Os repasses são ajustados conforme a composição familiar, o que amplia a cobertura para famílias em maior situação de vulnerabilidade.
Estados com maior número de beneficiários em dependência longa
Alagoas lidera o ranking com 42,7% dos inscritos recebendo Bolsa Família há mais de 10 anos. Outros Estados com índices acima de 40% são Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Maranhão. No outro extremo, o Distrito Federal apresenta o menor índice, com apenas 3,1% dos beneficiários nessa condição.
Em 15 Estados, a proporção de beneficiários antigos varia entre 30% e 40%. Já em outros 6, esse número fica entre 20% e 30%. Esses dados regionais ajudam a compreender onde estão concentradas as maiores dificuldades em superar a dependência do programa.
O levantamento também mostra que 576 cidades brasileiras possuem metade ou mais de seus beneficiários no programa há 10 anos ou mais, representando 10,3% dos municípios do país. Além disso, em 2.687 municípios, mais de 40% dos inscritos estão nessa situação.
Por outro lado, 574 cidades têm apenas 10% ou menos dos beneficiários nessa condição, o que demonstra grande desigualdade regional. Fatores como economia local, acesso a oportunidades e infraestrutura social influenciam diretamente na capacidade das famílias em romper com o ciclo de dependência.