De acordo com números revelados pela pesquisa TIC Domicílios, realizada pelo Centro Regional para o Desenvolvimento de Estudos sobre a Sociedade da Informação (Cetic.br), ligado ao Comitê Gestor da Internet, hoje, existem cerca de 85% de lares brasileiros com internet. Esses dados ressaltam o avanço da conectividade no país ao longo de 20 anos, mas também evidenciam desigualdades, especialmente nas regiões mais vulneráveis.
Lares brasileiros com internet
Completando duas décadas de levantamento, a TIC Domicílios traça um retrato da transformação digital entre os brasileiros. Em 2005, apenas 13% dos domicílios em áreas urbanas possuíam internet; hoje, esse índice cresceu significativamente.
De acordo com o estudo, 85% dos moradores urbanos acessam a rede, número que representa aproximadamente 141 milhões de usuários. Quando considerada a conectividade ampliada, que inclui atividades online realizadas por meio de dispositivos móveis, o índice chega a 90%.
Essa mudança reflete uma expansão digital significativa. Enquanto em 2003 apenas um quarto dos residentes urbanos navegava pela internet, atualmente, sete em cada oito domicílios urbanos possuem acesso à rede, uma transição impulsionada principalmente pelo uso de smartphones e pela conectividade diretamente dos lares.
Desigualdades de acesso
Mesmo com o avanço no número de lares urbanos com internet, as disparidades persistem. A internet está presente em 100% dos lares da classe A, mas essa taxa cai para 68% entre as classes D e E.
Entre os 29 milhões de brasileiros que ainda não utilizam a rede, a maioria, cerca de 24 milhões, reside em áreas urbanas. Este grupo é majoritariamente composto por pessoas que possuem até o ensino fundamental, identificam-se como pretos ou pardos, e pertencem às classes econômicas mais baixas, localizando-se sobretudo nas regiões Sudeste e Nordeste.
A pesquisa também traz à tona questões sobre a qualidade do acesso à internet. Apenas 22% dos brasileiros com mais de 10 anos possuem uma conectividade considerada satisfatória, medida por fatores como custo, velocidade da conexão e acesso à banda larga fixa em múltiplos dispositivos. Na classe A, 73% das pessoas desfrutam dessa qualidade de conexão, enquanto nas classes D e E, essa taxa não ultrapassa 3%.
Mudança de dispositivos de conexão
Nos últimos anos, o tipo de dispositivo utilizado para acessar a internet também sofreu alterações marcantes. Em 2019, o computador era o segundo meio mais comum de conexão, mas foi ultrapassado pela televisão. Atualmente, 60% das pessoas acessam a internet por meio de TVs conectadas, atrás apenas dos smartphones, que seguem sendo a principal ferramenta de conexão, usada por 99% dos brasileiros conectados.
Outro dado relevante é que 60% da população utiliza exclusivamente o celular para acessar a internet, enquanto 40% utilizam também o computador.
Nas classes D e E, 86% dos usuários acessam a rede exclusivamente pelo celular, índice superior entre mulheres e pessoas identificadas como pretas ou pardas. Esse comportamento indica uma tendência de acesso mais restrito ao celular entre os grupos economicamente mais vulneráveis.
Modalidades de Conexão
A forma de conexão também varia conforme a classe social. Dos que utilizam a internet no celular, 73% combinam o uso de wi-fi com rede móvel, enquanto 37% se conectam apenas via wi-fi e 6% exclusivamente pela rede móvel. Entre os brasileiros da classe A, o uso combinado de wi-fi e rede móvel chega a 95%, enquanto nas classes D e E essa proporção é de 57%.
A conectividade plena no Brasil depende não apenas de expansão de infraestrutura, mas de iniciativas que tornem a qualidade do acesso mais equitativa, promovendo a inclusão digital de maneira ampla e acessível a todos.