A Tupperware, famosa por seus produtos de armazenamento de alimentos, entrou com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos devido ao acúmulo de dívidas e à intensa concorrência no mercado. A empresa, com mais de 80 anos de história, busca uma reestruturação para manter suas operações e encontrar alternativas que garantam sua continuidade.
O processo de recuperação, realizado sob o Capítulo 11 da Lei de Falência dos EUA, visa proporcionar à Tupperware a flexibilidade necessária para enfrentar suas dificuldades financeiras, ao mesmo tempo em que explora novos modelos de negócios, incluindo sua transformação digital.
Tupperware enfrenta crise financeira e busca reestruturação
A Tupperware, que já liderou o mercado de armazenamento de alimentos por décadas, agora enfrenta uma das fases mais desafiadoras de sua história. A empresa entrou com pedido de recuperação judicial após acumular dívidas significativas e sofrer com a queda nas vendas.
De acordo com os documentos do processo, os ativos da empresa estão avaliados entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão, enquanto seus passivos podem chegar a US$ 10 bilhões, revelando o tamanho do problema enfrentado pela Tupperware.
O processo de recuperação judicial, conhecido como Capítulo 11 da Lei de Falência nos Estados Unidos, permite que empresas em crise reestruturem suas operações e dívidas para continuar funcionando.
Laurie Ann Goldman, CEO da Tupperware, destacou que essa medida é essencial para que a companhia consiga explorar alternativas estratégicas e se reposicionar no mercado. A reestruturação também tem o objetivo de transformar a empresa em uma operação “digital-first”, adaptada ao novo comportamento dos consumidores.
Histórico da Tupperware: De líder de mercado a crise
Fundada em 1946 por Earl Tupper, a Tupperware construiu uma reputação sólida no mercado com o lançamento de produtos plásticos de alta qualidade e seu inovador selo hermético.
Nas décadas seguintes, a empresa se consolidou como uma marca icônica nos lares americanos, principalmente por meio das famosas “festas Tupperware”, onde vendedoras organizavam reuniões em suas casas para demonstrar e vender os produtos.
No entanto, o modelo de vendas diretas começou a perder força com o passar dos anos. A crescente preferência dos consumidores por compras online e a falta de inovação no modelo de negócios da empresa contribuíram para a queda nas vendas.
Em 2022, a Tupperware ainda contava com cerca de 300 mil vendedores diretos, mas esses números não foram suficientes para competir com grandes plataformas de varejo como Amazon e Walmart, que ofereciam produtos similares por preços mais baixos.
Além disso, o aumento da conscientização ambiental gerou uma demanda por alternativas mais sustentáveis aos plásticos, o que pressionou ainda mais a Tupperware a se reinventar.
A empresa não conseguiu acompanhar a rápida mudança no comportamento do consumidor, o que resultou em uma diminuição significativa de sua base de clientes.
Dívidas e negociações com credores
Desde 2020, a Tupperware demonstrava incertezas sobre sua capacidade de se manter no mercado. Com o aumento da concorrência e a diminuição nas vendas, a empresa viu suas dívidas aumentarem consideravelmente. Em junho de 2023, a companhia já cogitava encerrar as atividades de sua única fábrica nos Estados Unidos e dispensar aproximadamente 150 funcionários, na tentativa de cortar custos e aliviar parte de sua carga financeira.
As dívidas da Tupperware ultrapassaram os US$ 700 milhões, um valor significativo para uma empresa que enfrentava dificuldades para gerar receita. Apesar de negociar com seus credores, que concordaram em aliviar parte do montante, a situação financeira continuou a se deteriorar, culminando no pedido de recuperação judicial.