O comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, afirmou nesta sexta-feira (23), que não recebeu qualquer ordem para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A declaração foi feita durante seu depoimento como testemunha no processo que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), envolvendo o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, acusado de participação em uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.
Na época dos fatos, Olsen ocupava o cargo de chefe do Comando de Operações Navais, órgão estratégico da Força, responsável pelo preparo e emprego dos militares da Marinha.
Depoimento no STF: esclarecimentos do comandante da Marinha
Durante a audiência no STF, Olsen foi questionado sobre relatos de que poderia ter havido articulações dentro das Forças Armadas para impedir a posse presidencial. Respondendo aos ministros, o comandante da Marinha foi enfático ao negar qualquer envolvimento ou ordem nesse sentido.
“Não recebi qualquer orientação para romper a ordem constitucional ou inviabilizar a posse do presidente Lula”, declarou o almirante. Seu depoimento ocorre no contexto do processo contra Almir Garnier, que chefiava a Marinha durante as eleições de 2022.
O depoimento de Olsen também foi motivado por informações prestadas anteriormente pelo brigadeiro Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica, que relatou uma reunião no Palácio da Alvorada. Segundo o brigadeiro, durante o encontro, Almir Garnier teria sinalizado ao então presidente Jair Bolsonaro que “as tropas estariam à disposição” caso houvesse necessidade.
Diante dessas declarações, o comandante da Marinha reforçou que nunca participou de qualquer planejamento que pudesse atentar contra a democracia. Ele destacou que sua atuação sempre esteve alinhada aos princípios constitucionais e ao respeito às instituições.
Nota oficial da Marinha desmente boatos
Ainda em novembro de 2024, o Centro de Comunicação Social da Marinha divulgou uma nota pública rebatendo informações que circulavam na imprensa sobre o suposto uso de tanques nas ruas em apoio a um golpe de Estado. A manifestação oficial ocorreu após a divulgação de um relatório da Polícia Federal que embasou denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e outros envolvidos.
Na ocasião, o comandante da Marinha esclareceu: “A nota foi emitida para refutar notícias falsas que insinuavam movimentações de blindados para finalidades que atentassem contra os poderes constitucionais. Não houve qualquer ordem, planejamento ou mobilização com esse intuito”, garantiu Olsen.
O depoimento do comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, reforça o posicionamento da Força Naval de que não houve participação ou qualquer tipo de ordem para impedir a posse do presidente Lula, nem envolvimento em ações contrárias ao regime democrático.
A declaração surge em meio às investigações que analisam supostas tentativas de ruptura institucional no país. A Marinha, segundo Olsen, manteve seu compromisso com a legalidade, a Constituição e a estabilidade democrática do Brasil.