O Partido dos Trabalhadores (PT) assinou um documento durante a reunião do Foro de São Paulo, no México, no qual reconhece a vitória eleitoral de Nicolás Maduro na Venezuela e expressa solidariedade á ditadura na Venezuela.
PT assina documento do Foro de São Paulo
O documento assinado pelo PT foi formulado durante uma reunião de partidos de esquerda realizada paralelamente à posse da nova presidente do México, Claudia Sheinbaum. O evento, que contou com representantes de diversos partidos da América Latina, culminou na produção de um texto de sete páginas no qual são tecidas críticas a líderes de centro ou centro-direita da região, além de elogios a iniciativas lideradas por países como China e Rússia.
No documento, o PT assina apoio a Nicolás Maduro, defendendo o respeito pelas instituições democráticas da Venezuela e ao resultado das urnas que teriam dado vitória ao presidente venezuelano.
Segundo o texto, “dadas as ações da extrema direita, torna-se imperativo que as forças políticas apelem ao respeito pelas instituições democráticas da Venezuela e à autodeterminação do povo venezuelano”. Este trecho evidencia a posição dos partidos de esquerda, incluindo o PT, em defesa do regime venezuelano.
Além do apoio a Maduro, o documento assinado pelo PT também faz menção ao Congresso Mundial contra o Fascismo, Neofascismo e Expressões Similares, que ocorreu nos dias 10 e 11 de setembro em Caracas, Venezuela.
Esse evento é citado como de “importância transcendental” devido à coordenação internacional das forças antifascistas e à criação da Internacional Antifascista. A realização desse congresso na Venezuela é apresentada como uma resposta às tentativas da extrema direita de contestar os resultados das eleições presidenciais no país.
Eleições venezuelanas e contestações
As eleições na Venezuela ocorreram em 28 de julho, porém, a vitória de Nicolás Maduro tem sido amplamente contestada tanto interna quanto externamente.
Segundo o documento assinado pelo PT, as instituições venezuelanas, como o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e o Tribunal Supremo da Venezuela, proclamaram Maduro como vencedor. No entanto, as atas que comprovariam essa vitória não foram apresentadas publicamente, gerando questionamentos.
Antes das eleições, a principal adversária de Maduro, María Corina Machado, foi impedida de concorrer sob o argumento de inelegibilidade. Sua substituta, Corina Yoris, também enfrentou barreiras impostas pelo regime, o que limitou ainda mais a competição eleitoral.
Mesmo assim, Edmundo González, candidato oposicionista, liderou as pesquisas. Instituições internacionais independentes, como o Carter Center, afirmaram que González teria vencido as eleições com base nas atas analisadas pela oposição.
Posicionamento internacional sobre as eleições
O cenário internacional também se mostra dividido em relação ao reconhecimento da vitória de Nicolás Maduro. Enquanto governos alinhados politicamente com o regime venezuelano aceitam o resultado das eleições, muitos países democráticos, incluindo os membros da Organização dos Estados Americanos (OEA), rejeitam a legitimidade do processo.
Em julho, a OEA divulgou um relatório afirmando que os resultados eleitorais foram manipulados em favor de Maduro, e que o órgão responsável pela contagem dos votos, o CNE, favoreceu o presidente venezuelano. Além disso, a comunidade internacional observou com preocupação os relatos de repressão após as eleições, que resultaram em protestos e na prisão de mais de 1,5 mil pessoas, incluindo adolescentes.