O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, instaurou a lei marcial pela primeira vez desde 1980, em uma medida que gerou reações imediatas e intensas dentro do país. Sob o argumento de proteger o sistema democrático, a decisão encontrou oposição no Parlamento, que rapidamente votou para suspendê-la. A Coreia do Norte, frequentemente mencionada nas tensões da região, observa de perto os desdobramentos deste episódio.
Decreto de Lei Marcial na Coreia do Sul
Em uma ação inédita nas últimas décadas, o presidente sul-coreano anunciou a aplicação da lei marcial em 3 de dezembro de 2024. O decreto, publicado oficialmente às 23h, impôs amplas restrições sobre atividades políticas, manifestações e liberdade de imprensa, justificando a decisão como necessária para proteger a democracia liberal contra forças consideradas subversivas.
O texto, assinado pelo General do Exército Park An-su, detalhava uma série de medidas rigorosas:
– Proibição de manifestações, greves e qualquer atividade política, incluindo as realizadas por partidos e associações;
– Controle sobre os meios de comunicação e publicações, visando impedir a disseminação de notícias falsas;
– Imposição de retorno obrigatório ao trabalho para profissionais da saúde que estivessem em greve, com penalidades para quem descumprisse;
– Permissão para prisões e revistas sem mandado, com base no Artigo 9 da Lei Marcial da República da Coreia.
Parlamento reage com rapidez e suspende medida
Duas horas após o decreto presidencial, o Parlamento sul-coreano convocou uma votação emergencial para avaliar a medida. O resultado foi contundente: os 190 parlamentares presentes decidiram de forma unânime suspender a lei marcial, declarando-a nula e sem efeito.
De acordo com Woo Son-shik, porta-voz do Parlamento, a decisão foi respaldada pela legislação do país, que confere ao Legislativo o poder de anular decretos presidenciais em situações excepcionais.
“Com a votação, a imposição da lei marcial perdeu sua validade”, afirmou Woo em pronunciamento oficial.
O decreto de Yoon Suk-yeol acontece em um momento de crescente tensão na península coreana. A Coreia do Norte, frequentemente vista como uma ameaça à estabilidade regional, tem intensificado suas atividades militares e retórica contra a Coreia do Sul e seus aliados.
Especialistas sugerem que a decisão do presidente pode ter sido influenciada por temores de instabilidade interna exacerbada por pressões externas. No entanto, a oposição política questiona a legalidade e a real necessidade de medidas tão severas.
O desenrolar deste conflito político promete influenciar não apenas o cenário interno, mas também as relações da Coreia do Sul com seus vizinhos e aliados.