A Polícia Civil de Mato Grosso, em uma ação conjunta com a Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e as regionais de Nova Mutum e Sinop, deflagrou na última terça-feira (12) a Operação Gravatas. A operação desarticulou um esquema criminoso que envolvia quatro advogados, um policial militar e três líderes de facção custodiados no sistema prisional.
Advogados atuavam como braço jurídico da facção
A investigação, que resultou em oito prisões preventivas e oito buscas e apreensões, revelou que os advogados atuavam como o braço jurídico da facção, com funções específicas para beneficiar a organização criminosa. Entre as atividades ilícitas estavam:
– Embaraçar investigações policiais: Os advogados utilizavam informações privilegiadas para dificultar o trabalho da polícia, inclusive repassando em tempo real dados sobre operações em andamento.
– Auxiliar em crimes graves: A investigação apontou a participação dos advogados em crimes como tortura, realizando o levantamento de dados das vítimas.
– Intermediar comunicação entre líderes da facção: Os advogados facilitavam a comunicação entre os líderes da facção presos e membros em liberdade, garantindo a continuidade das atividades criminosas.
Policial militar fornecia informações privilegiadas
Um policial militar de Sinop também integrava o esquema criminoso, fornecendo ilegalmente dezenas de boletins de ocorrência para os advogados. As informações contidas nos boletins eram utilizadas para beneficiar a facção, como alertar sobre operações policiais e identificar testemunhas.
Advogados defendiam majoritariamente membros da facção
A investigação da Delegacia de Tapurah, responsável pela operação, verificou que 81,95% dos clientes defendidos por um dos advogados em Sinop nos últimos dois anos estavam ligados à facção, com envolvimento em crimes como tráfico de drogas, roubos e homicídios.
Apreensões e acompanhamento da OAB
Durante a operação, foram apreendidos R$ 100 mil na casa de uma das advogadas em Cuiabá. As ordens de prisão e de busca contra os líderes da facção presos foram cumpridas no Sistema Penitenciário de Cuiabá. O cumprimento das ordens contra os advogados foi acompanhado pelo Tribunal de Prerrogativas da OAB-MT.
A Operação Gravatas representa um duro golpe contra o crime organizado em Mato Grosso, desarticulando um esquema que colocava em risco a segurança pública e a vida de agentes de segurança e testemunhas. A ação demonstra o compromisso da Polícia Civil com o combate à criminalidade e à corrupção, independentemente da posição social dos envolvidos.