Em uma ação conjunta de órgãos de segurança pública, a Operação Ragnatela desarticulou um núcleo de facção criminosa que utilizava casas noturnas em Cuiabá para lavagem de dinheiro. A operação, deflagrada na quarta-feira (5), pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (FICCO-MT), cumpriu mandados de prisão preventiva, busca e apreensão, sequestro de bens, bloqueio de contas bancárias e afastamento de cargos públicos.
Ocupação de casa noturna e shows custeados pela facção
A investigação identificou a compra de uma casa noturna em Cuiabá por R$ 800 mil em dinheiro, proveniente de atividades ilícitas. A partir daí, o grupo passou a promover shows de MCs conhecidos nacionalmente, bancados pela facção e por um grupo de promotores de eventos.
Foi apurado que a facção proibiu a contratação de artistas de São Paulo, possivelmente por rivalidade com facções de outros estados. Em dezembro de 2023, o MC Daniel foi hostilizado durante um show em Cuiabá e teve que sair escoltado por conta dessa ordem. Um membro da facção que organizou o show foi punido com a proibição de realizar eventos e frequentar casas noturnas na capital por dois anos.
A investigação revelou a conivência de agentes públicos na fiscalização e licenciamento dos shows, mesmo sem a documentação necessária. Um vereador municipal intermediava a relação entre o grupo e os agentes públicos, recebendo vantagens financeiras em troca.
Os policiais descobriram um esquema para levar celulares para dentro de unidades prisionais e a transferência de líderes da facção para presídios de menor rigor, facilitando a comunicação com o grupo em liberdade.
Fuga de líder e prisão no Rio de Janeiro
No dia 1º de junho, dois alvos da investigação fugiram para o Rio de Janeiro. Um deles, considerado o principal líder da facção, estava em liberdade e viajando com documentos falsos. Os criminosos foram detidos dentro da aeronave após o pouso no Aeroporto Santos Dumont.
A Operação Ragnatela contou com o apoio do Centro Integrado de Operações Aéreas de Segurança Pública (Ciopaer) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, força-tarefa composta por Ministério Público Estadual, Polícia Civil, PM, Polícia Penal e Sistema Socioeducativo. A FICCO-MT, composta por Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil e Polícia Militar, tem como objetivo o combate conjunto ao crime organizado em Mato Grosso.