*Sêmia Mauad/ Opinião MT
O ministro da Agricultura, Cárlos Fávaro, afirmou hoje que o secretário de Política Agrícola, Neri Geller, pediu demissão do cargo que ocupa depois da polêmica envolvendo o leilão de importação de arroz, que foi realizado na semana passada.
O governo federal, mediante avaliação, afirma que “houve conflito de interesses” já que houve participação de um ex -assessor de Neri Geller no certame e decidiu anular o certame.
O presidente da Conab, Edegar Pretto, afirmou que o governo diante dos fatos, deve marcar um novo leilão. Dessa vez, o certame vai contar com a participação da Advocacia- Geral da União (AGU) e também da Controladoria Geral da União (CGU). O objetivo segundo o ministro Carlos Fávaro é que sejam “construídos mecanismos para que sejam avaliadas as participações das empresas participantes” no leilão e assim evitar problemas.
O leilão anterior foi realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), empresa pública brasileira vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
ENTENDA O CASO
Na ocasião, lotes foram arrematados por empresas que não tem qualquer histórico de atuação no mercado do cereal. Além disso, chama a atenção também o fato de que a negociação da maior parte dos lotes tenha sido feita pela Foco Corretora, e Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT). As empresas são supostamente de propriedade de Robson França, ex-assessor de Neri Geller, quando ele ainda era deputado, nos anos de 2019 e 2020. Atualmente, Robson ocupa a presidência da BMT.
Neri Geller é ex-ministro da Agricultura, e antes do pedido de demissão, ocupava cadeira como secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura.
Outro fator que chamou a atenção é que o filho de Neri Geller, Marcelo Piccini Geller, também estabeleceu empresa com França. Marcelo ainda teria ligação com o atual diretor de Operações e Abastecimento da Conab, Thiago dos Santos, que atua no gabinete de Neri Geller.
França teria realizado mediação na venda de parcela significativa, ou seja 44%, do arroz importado e que foi disponibilizado no leilão da Conab. A negociação representou montante de 116 toneladas de arroz, do total de pouco mais de 263 mil toneladas do cereal.
As empresas juntas arremataram um montante de R$ 580 milhões de reais, dos R$ 1,3 bilhão movimentados pelo certame. Inclusive, as comissões de corretagem das empresas foram calculadas com base nesses valores.
Diante do fato, há especulação sobre a possibilidade de favorecimento no processo de leilão por parte de Neri Geller.
Os envolvidos negam veementemente qualquer tipo de favorecimento neste sentido, e enfatiza a “transparência e legalidade de suas operaçoes”.