Um marco na medicina reprodutiva foi alcançado no Reino Unido com o nascimento do primeiro bebê gerado por uma mãe com útero transplantado. Amy, filha de Grace Davidson, veio ao mundo em fevereiro deste ano, dois anos após a cirurgia pioneira. O caso abre novas possibilidades para mulheres que enfrentam infertilidade uterina.
Mãe com útero transplantado: Nascimento histórico no Reino Unido
Amy nasceu no Hospital Queen Charlotte and Chelsea, em Londres, após um processo que incluiu fertilização in vitro (FIV) e o transplante de útero. A mãe, Grace Davidson, de 36 anos, recebeu o órgão da irmã, Amy Purdie, em uma cirurgia realizada em Oxford. O procedimento foi um sucesso, e tanto a mãe quanto a bebê passam bem.
“Recebemos o maior presente que poderíamos ter pedido”, declarou Grace à AFP. Ela espera que o avanço médico beneficie outras mulheres em situações semelhantes.
Grace Davidson nasceu com a síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser (MRKH), uma condição rara que impede o desenvolvimento do útero. Sem a possibilidade de engravidar naturalmente, ela optou pelo transplante, tornando-se a primeira mulher no Reino Unido a passar pelo procedimento.
A doação foi feita por sua irmã, Amy Purdie, de 42 anos, que já havia tido duas filhas. A cirurgia, realizada em fevereiro de 2023, foi liderada pelo professor Richard Smith, especialista em transplantes uterinos. Ele destacou que o nascimento de Amy representa o ápice de mais de 25 anos de pesquisas.
Avanços na medicina reprodutiva
Desde 2013, mais de 100 transplantes de útero foram realizados no mundo, resultando em aproximadamente 50 nascimentos. Todos os bebês gerados dessa forma nasceram saudáveis, reforçando a eficácia do método.
O sucesso do caso britânico consolida o transplante uterino como uma alternativa viável para mulheres com infertilidade absoluta devido à ausência ou malformação do útero. No entanto, o procedimento ainda exige cuidados específicos, como terapia imunossupressora para evitar a rejeição do órgão.
Com o avanço das técnicas cirúrgicas e o aumento de doações, especialistas acreditam que o procedimento pode se tornar mais acessível. Atualmente, países como Suécia, Estados Unidos e Brasil já realizam transplantes uterinos com resultados positivos.
No Reino Unido, o caso de Grace Davidson servirá como referência para futuras pacientes. O sucesso do nascimento de Amy pode incentivar mais investimentos em pesquisas e programas de doação.