O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou na última sexta-feira (11) a soltura de Flávio Soldani, um morador de rua de 58 anos que estava preso por suposta participação nos atos de 8 de janeiro. Em liberdade, ele deverá seguir medidas cautelares, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica.
Entenda o caso polêmico da prisão do morador de rua
O caso de Soldani ganhou notoriedade após ser divulgado no mês passado. Durante audiência realizada na sede da Polícia Federal (PF) em São Paulo, ele revelou não ter recursos financeiros nem para se alimentar, o que o impedia de aceitar o Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) proposto pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que incluía o pagamento de multa.
Apesar de algumas informações circularem com datas imprecisas, a prisão mais recente de Soldani ocorreu em 16 de março, durante uma manifestação pela anistia na Avenida Paulista. Segundo apuração, ele teria sido levado à PF após uma denúncia anônima. Ao ser abordado, relatou não ter onde dormir ou comer e pediu para permanecer detido.
Flávio Soldani não tinha motivação política, segundo a Defensoria Pública da União (DPU), que representa sua defesa. De acordo com o órgão, ele frequentava os acampamentos instalados nas proximidades do Quartel-General do Exército, em Brasília, apenas para se alimentar e descansar.
O morador de rua havia chegado à capital federal vindo de Natal (RN), buscando recomeçar a vida. Sem condições de se manter, acabou envolvido nas investigações dos protestos de 8 de janeiro. Foi detido no dia seguinte ao ato na Praça dos Três Poderes. A DPU argumenta que ele estava no local em busca de oportunidades de emprego.
Histórico pessoal e jornada até Brasília
Natural de São Paulo, Flávio Soldani possui histórico de trabalho como recepcionista, função que exerceu por cerca de 15 anos em um hotel na cidade de Natal. Pai de dois filhos adultos que moram com a mãe, ele já residiu em diversos estados brasileiros.
Para chegar a Brasília, Soldani contou com a solidariedade de caminhoneiros, pegando caronas ao longo do caminho. Em situação de rua, enfrentou dificuldades extremas, o que, segundo a DPU, o torna um exemplo de vulnerabilidade social ignorada em algumas das investigações sobre os atos do fatídico dia 8 de janeiro de 2023.