Medicamentos que não estão listados no Sistema Único de Saúde (SUS) não podem ser fornecidos judicialmente, exceto em casos específicos. A decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) trouxe novos critérios para o acesso judicial a medicamentos registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e não incorporados à lista do SUS.
Medicamentos fora da lista do SUS e as exceções judiciais
O STF homologou, na última quinta-feira (17), um acordo que estabelece regras para o fornecimento de medicamentos por via judicial. Esses medicamentos, embora registrados pela Anvisa, ainda não foram incorporados ao SUS. Para que um medicamento fora da lista oficial seja concedido judicialmente, é necessário que o solicitante comprove uma série de requisitos.
Entre os critérios, estão a negativa do medicamento pelo órgão responsável, uma decisão irregular ou atrasada da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), além da inexistência de outro medicamento que possa substituir o solicitado.
O paciente também deve demonstrar evidências científicas sobre a segurança e eficácia do medicamento, que ele seja essencial para o tratamento da doença, e que o solicitante não tenha condições financeiras de adquiri-lo.
O impacto da Judicialização da Saúde
A judicialização da saúde no Brasil tem crescido nos últimos anos, com pacientes recorrendo à justiça para obter tratamentos que não estão disponíveis no SUS. Contudo, esse aumento de demandas judiciais tem gerado um impacto significativo no orçamento do sistema de saúde público. Segundo especialistas, muitas dessas ações beneficiam um número restrito de pessoas, enquanto o restante da população pode sofrer com a falta de recursos para políticas mais amplas e inclusivas.
Com as novas regras estabelecidas pelo STF, busca-se equilibrar o direito à saúde com a sustentabilidade financeira do SUS. Os medicamentos serão distribuídos de forma mais justa e os recursos públicos poderão ser utilizados de maneira mais eficiente. O objetivo é garantir que o SUS continue oferecendo tratamento de qualidade, sem comprometer sua capacidade financeira a longo prazo.
Antes de um medicamento ser incorporado ao SUS, ele passa por um processo de avaliação rigoroso. A Conitec é o órgão responsável por realizar essas análises, levando em consideração critérios como a eficácia, segurança e custo-benefício do tratamento. Além disso, o processo envolve consultas públicas, permitindo que a sociedade contribua com suas opiniões.
Desde 2023, 46 novas tecnologias foram incorporadas ao SUS, incluindo medicamentos para doenças raras, câncer, doenças crônicas e infecciosas. Esses avanços têm sido essenciais para garantir um atendimento integral aos pacientes e proporcionar alternativas terapêuticas seguras e eficazes.
A Rede de Farmácias especializadas
Outro importante pilar do SUS é a rede de farmácias especializadas, que distribui medicamentos gratuitamente para o tratamento de doenças raras ou crônicas. Desde a criação dessa política, em 2008, mais de 12,7 milhões de brasileiros foram beneficiados, garantindo um acesso mais equitativo e inclusivo aos tratamentos necessários.
Essas farmácias seguem as diretrizes clínicas estabelecidas pelo SUS, garantindo que os pacientes recebam o tratamento adequado de acordo com suas condições de saúde. O programa tem sido uma ferramenta fundamental para ampliar o acesso a medicamentos de alto custo, muitas vezes inacessíveis para a maioria da população.