O presidente Lula tomou a decisão de cancelar a compra dos blindados de artilharia da empresa israelense Elbit Systems, em um contrato avaliado em aproximadamente R$ 1 bilhão. A medida gerou repercussões no meio político e militar, além de colocar em evidência as tensões internas no governo federal sobre o tema.
Histórico da compra dos Blindados
Em abril de 2024, a Elbit Systems venceu uma licitação internacional para fornecer 36 blindados ao Exército Brasileiro. A licitação foi resultado de um processo competitivo que incluiu empresas de vários países. Contudo, a concretização do contrato enfrentou desafios desde o início.
O presidente Lula indicou em 2024 que não daria continuidade à negociação devido ao conflito entre Israel e o grupo Hamas. Essa postura política gerou críticas, especialmente dentro do próprio governo. O ministro da Defesa, José Múcio, chegou a declarar em outubro daquele ano que as restrições baseadas em questões externas não deveriam interferir em acordos militares.
Em janeiro de 2025, Lula adiou a compra dos blindados de forma indefinida. A decisão evidenciou divergências entre o ministro da Defesa e o assessor especial para Assuntos Internacionais, Celso Amorim. Enquanto Múcio defendia a aquisição com base em necessidades estratégicas, Amorim argumentava contra o negócio, alinhando-se à posição do presidente.
Interferência Internacional
O impasse ganhou um novo elemento quando a empresa francesa KNDS solicitou ao Tribunal de Contas da União (TCU) a suspensão da licitação vencida pela Elbit Systems. A KNDS apontou possíveis irregularidades no processo de concorrência e entrou com um pedido de medida cautelar.
No entanto, o TCU deu parecer favorável à continuidade do processo, enquanto a Suprema Corte do Brasil decidiu, por unanimidade, que não havia impedimentos legais para a aquisição. Mesmo assim, a decisão presidencial prevaleceu, culminando no cancelamento do contrato.
A suspensão da compra dos blindados gerou preocupações no setor militar. Especialistas em segurança nacional destacaram que os equipamentos da Elbit Systems representavam um importante reforço para o Exército Brasileiro. Os blindados do modelo ATMOS, conhecidos por sua eficiência e tecnologia de ponta, poderiam modernizar a artilharia do país.
Apesar disso, a decisão também abriu espaço para que outras empresas apresentem novas propostas. A postura do governo reflete a busca por alternativas que sejam mais alinhadas às diretrizes políticas e diplomáticas adotadas pela atual gestão.