O cantor Gusttavo Lima, conhecido por seu sucesso na música sertaneja, foi formalmente indiciado pela Polícia Civil de Pernambuco sob as acusações de suposta lavagem de dinheiro e associação criminosa. A investigação aponta seu possível envolvimento com um esquema de movimentação financeira ilícita, o que levou à emissão e posterior revogação de um mandado de prisão contra o artista.
Investigação e suspeitas envolvendo o cantor Gusttavo Lima
A investigação, que faz parte da Operação Integration, revelou indícios de que Gusttavo Lima estaria relacionado a uma organização criminosa que movimentou cerca de R$ 3 bilhões em atividades ilícitas. O cantor, cujo nome de batismo é Nivaldo Batista Lima, está sendo investigado por transações financeiras suspeitas, incluindo ocultação de valores provenientes de jogos de azar e negócios com aeronaves.
O caso também envolve a influenciadora e advogada Deolane Bezerra, outra figura central nas apurações. Segundo informações da polícia, o cantor estava em Miami, nos Estados Unidos, quando o mandado de prisão foi expedido em 23 de setembro de 2024.
No entanto, o pedido foi revogado no dia seguinte, permitindo que o artista retornasse ao Brasil para cumprir compromissos profissionais, como uma apresentação no estado do Pará, antes de retornar aos EUA.
Ocultação de valores e negócios suspeitos
A principal acusação contra Gusttavo Lima diz respeito à ocultação de quase R$ 10 milhões, que teriam sido recebidos por meio de dois depósitos ligados a atividades ilegais da empresa HSF Entretenimento Promoção de Eventos. A empresa do cantor, Balada Eventos e Produções Ltda., teria recebido transferências de R$ 4,8 milhões em abril e R$ 4,9 milhões em maio de 2023.
Também, há suspeitas sobre a venda de uma aeronave Cessna Aircraft, modelo 560XLS, cuja propriedade teria sido disfarçada durante a transação com a empresa J.M.J. Participações Ltda. A negociação da aeronave resultou em sete transações financeiras entre fevereiro e julho de 2024, totalizando R$ 22,2 milhões.
Registros da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) mostram que a empresa do cantor ainda figura como proprietária da aeronave, levantando mais dúvidas sobre as atividades financeiras de Gusttavo Lima.
Outra frente da investigação aponta que uma empresa de Gusttavo Lima, a GSA Empreendimentos e Participações, teria recebido R$ 5,9 milhões de uma empresa de apostas esportivas chamada Vai de Bet. Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revelou que a GSA recebeu essa quantia da empresa Pix 365 Soluções Tecnológicas, ligada à Zelu Brasil Facilitadora de Pagamentos, que mediou parte das transações.
Entre as movimentações, a GSA transferiu R$ 1,35 milhão para a conta pessoal de Gusttavo Lima, levantando ainda mais suspeitas sobre a origem e o destino desses valores. A investigação concluiu que o cantor detém 25% de participação na empresa Vai de Bet, uma aquisição que ocorreu em julho de 2024. Essa descoberta aumentou as preocupações sobre a natureza de suas interações financeiras com as empresas envolvidas.
Além das movimentações financeiras, o cantor também foi acusado de proteger foragidos da justiça, incluindo os investigados José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Henriques Truta Rocha, proprietários da Vai de Bet. Segundo a juíza Andrea Calado da Cruz, responsável pelo caso, Gusttavo Lima teria facilitado a fuga do casal para a Europa, mais precisamente para a Grécia e Ilhas Canárias, com o objetivo de evitar que eles fossem localizados pela justiça brasileira.
A juíza destacou que a relação financeira intensa entre o cantor e os indivíduos envolvidos, aliada a movimentações suspeitas, levanta sérias questões sobre o papel de Gusttavo Lima nessas atividades. Os indícios de sua participação no crime de lavagem de dinheiro foram considerados suficientes para justificar a emissão do mandado de prisão preventiva, que, posteriormente, foi revogado.
Posicionamento da defesa de Gusttavo Lima
Após a revogação do mandado de prisão, a defesa de Gusttavo Lima se manifestou publicamente. Segundo os advogados do cantor, a decisão do desembargador Eduardo Guilliod Maranhão, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), trouxe alívio e justiça para o artista. Eles alegam que as suspeitas em torno das atividades financeiras do cantor são baseadas em presunções e que não há provas concretas de envolvimento em atividades ilícitas.
A defesa ainda ressaltou que a relação de Gusttavo Lima com as empresas investigadas se limitava ao uso de sua imagem e à venda de uma aeronave, transações realizadas de forma legal e devidamente registradas junto aos órgãos competentes, como a ANAC. Os advogados afirmaram que todas as operações financeiras do cantor foram realizadas com compliance e sem conhecimento prévio de qualquer investigação.
Veja abaixo, a íntegra da nota publicada pela equipe jurídica do cantor:
A defesa do cantor Gusttavo Lima recebe com muita tranquilidade e sentimento de justiça a decisão proferida na tarde de hoje pelo Desembargador do TJPE Dr. Eduardo Guilliod Maranhão, que concedeu o habeas corpus.
A decisão da juíza de origem estabeleceu uma série de presunções contrárias a tudo que já se apresentou nos autos, contrariando inclusive a manifestação do Ministério Público do caso.
A relação de Gusttavo Lima com as empresas investigadas era estritamente de uso de imagem e decorrente da venda de uma aeronave. Tudo feito legalmente, mediante transações bancárias, declarações aos órgãos competentes e registro na ANAC. Tais contratos possuíam diversas cláusulas de compliance e foram firmados muito antes que fosse possível se saber da existência de qualquer investigação em curso.
Gusttavo Lima tem e sempre teve uma vida limpa e uma carreira dedicada à música e aos fãs. Oportunamente, medidas judiciais serão adotadas para obter um mínimo de reparação a todo dano causado à sua imagem.
Equipe jurídica – Gusttavo Lima