No primeiro ano do governo Lula, o Brasil testemunhou uma mudança significativa na distribuição de verbas publicitárias governamentais, com a TV Globo e seus canais afiliados recebendo uma atenção especial. Esse movimento marcou um contraste notável em relação à gestão anterior, demonstrando uma nova estratégia de comunicação da administração atual.
Ampliação dos Investimentos na TV Globo
Em 2023, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), sob a liderança de Paulo Pimenta, e os 38 ministérios coordenados pelo presidente Lula decidiram ampliar os investimentos em publicidade na TV Globo. Este aumento significativo de 60% em relação ao ano anterior reflete uma clara mudança de direção em termos de estratégia de mídia. O montante destinado à emissora carioca e seus afiliados alcançou o patamar de R$ 142 milhões, destacando-se no panorama midiático brasileiro.
Durante o último ano de governo de Jair Bolsonaro, os gastos com publicidade na mesma emissora foram consideravelmente menores, totalizando R$ 89 milhões. Essa comparação, baseada em dados ajustados pela inflação e fornecidos pelo Sistema de Comunicação de Governo do Poder Executivo Federal (Sicom), ilustra uma preferência renovada pelo governo Lula pela TV Globo, em detrimento de outras emissoras.
Impacto nas demais Emissoras
Enquanto a TV Globo viu seus investimentos em publicidade crescer, outras emissoras, incluindo Record, SBT, Bandeirantes, Rede TV!, e suas afiliadas, enfrentaram cortes significativos, com os valores destinados a elas sendo reduzidos pela metade ou até menos. A CNN Brasil, por outro lado, experimentou um leve aumento em seu investimento publicitário, passando de R$ 1,4 milhão para R$ 1,5 milhão.
A mudança na distribuição de verbas publicitárias também refletiu uma nova política de prioridades, com a participação percentual da TV Globo nos gastos governamentais saltando de 28% para 56%. A Secom defende essa alteração alegando a utilização de “critérios técnicos” para avaliação e distribuição dos recursos, embora não tenha detalhado esses critérios publicamente.
Amor pela TV
O levantamento ainda apontou para uma desvalorização dos investimentos em publicidade na internet pelo governo Lula. Em 2022, a Secom destinou 17,5% do orçamento publicitário para a internet, enquanto em 2023, esse número caiu para 14,2%. Essa decisão sugere uma estratégia concentrada na televisão como principal veículo de comunicação governamental.
A mudança na distribuição de verbas publicitárias reflete não apenas uma preferência de canal para a divulgação de mensagens governamentais, mas também levanta questões sobre os critérios de seleção e o foco na televisão em detrimento de outros meios. Enquanto o governo defende a utilização de critérios técnicos para essa escolha, o cenário midiático brasileiro continua a evoluir, com a internet assumindo um papel cada vez mais significativo na comunicação contemporânea.