Nesta quarta-feira, 26, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), respondeu às acusações de “invasão de competência” feitas pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A controvérsia surgiu após a decisão do tribunal de descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal no Brasil, tema que envolve diretamente a questão das drogas no país.
O Debate sobre a Competência Legislativa
Na terça-feira (25), Rodrigo Pacheco argumentou que caberia ao Congresso, e não ao Supremo, a definição das regras sobre o porte de drogas. Em resposta, Gilmar Mendes afirmou que não há invasão de competência, destacando que a discussão é sobre a constitucionalidade de uma lei já existente.
Segundo o ministro, “não há invasão de competência porque, de fato, o que estamos examinando é a constitucionalidade da lei, especialmente do artigo 28 da Lei de Drogas”. Mendes explicou que o tribunal está apenas tentando preencher lacunas deixadas pela legislação atual, visando o “bem do País”.
Gilmar Mendes enfatizou que o objetivo do STF é estabelecer critérios claros para diferenciar usuários de traficantes de drogas. Ele destacou que o tribunal está em diálogo com o Executivo e o Legislativo, buscando contribuições de todas as esferas para uma solução equilibrada.
O ministro também salientou que a decisão do STF pode contribuir para a redução da discriminação racial no Brasil. “Queremos evitar que pessoas sejam criminalizadas por serem viciadas, um problema já abordado em diversas cortes ao redor do mundo”, afirmou Mendes.
Impactos Sociais e Financeiros
Além das questões legais, Mendes argumentou que a descriminalização do porte de drogas pode trazer benefícios financeiros ao país. A medida reduziria os custos com a manutenção de usuários presos injustamente e permitiria a oferta de tratamento de saúde adequado para os dependentes de drogas.
“O tribunal está tentando também fixar uma quantidade de drogas para evitar a discricionariedade e a arbitrariedade por parte da polícia,” disse Mendes, citando casos onde indivíduos negros são presos como traficantes enquanto brancos, com a mesma quantidade de drogas, são classificados apenas como usuários.
A resposta de Gilmar Mendes às acusações de invasão de competência pelo Senado destaca a importância de discutir a constitucionalidade das leis vigentes e os impactos sociais e financeiros das decisões judiciais. A descriminalização do porte de drogas, segundo o ministro, busca promover uma legislação mais justa e equilibrada, que beneficie toda a sociedade brasileira.