As fraudes no Pix se tornaram um dos principais desafios de segurança no sistema financeiro brasileiro, registrando um aumento alarmante em 2024. Segundo dados oficiais obtidos pelo Broadcast via Lei de Acesso à Informação, os prejuízos relacionados a esse tipo de golpe atingiram R$ 4,941 bilhões no acumulado do ano — um crescimento de 70% em comparação com 2023.
Prejuízos com fraudes disparam em 2024
De acordo com o Banco Central, os prejuízos com fraudes no Pix dispararam em 2024. O valor representa perdas com transações fraudulentas em que houve tentativa de devolução por parte dos usuários, mas que não puderam ser revertidas por diversos motivos, como ausência de saldo na conta do recebedor ou encerramento da mesma.
No total, 3,452 milhões de solicitações de devolução de valores foram rejeitadas no ano. Esses dados indicam não apenas a intensidade das fraudes no Pix, mas também a dificuldade em recuperar os recursos perdidos.
Aumento das notificações de fraudes
As instituições financeiras vêm registrando aumento nas notificações de fraudes no Pix. Em 2024, a média mensal de notificações superou os 390 mil casos, um salto expressivo frente à média de 216 mil ocorrências em 2023. Apenas em janeiro deste ano, 324.752 notificações foram reconhecidas como procedentes pelas instituições.
O manual operacional do DICT (Diretório de Identificadores de Contas Transacionais), responsável pelo gerenciamento das chaves Pix, classifica como fraude qualquer transação realizada mediante golpe, estelionato, coerção ou sem autorização do pagador.
Contas-laranja e o papel das “mules” nas fraudes
Grande parte das tentativas frustradas de devolução está relacionada ao uso de contas sem saldo, o que, segundo especialistas, aponta para o uso frequente de contas-laranja, também conhecidas como “mule accounts”. Nesses casos, criminosos utilizam contas de terceiros para movimentar o dinheiro obtido com fraudes, dificultando a rastreabilidade dos valores.
As instituições bancárias relatam que essas contas geralmente pertencem a usuários inativos ou pouco ativos, aliciados por quadrilhas via redes sociais ou aplicativos de mensagens. Os criminosos oferecem quantias que podem chegar a R$ 10 mil pelo “empréstimo” dessas contas, especialmente aquelas com limite de crédito.
Perfis de contas envolvidas nas fraudes
Entre as mais de 1,2 milhão de marcações de contas envolvidas em golpes no Pix em 2024, 38% foram classificadas como “scammer accounts”, ou seja, contas pertencentes diretamente aos fraudadores. Outras 27% foram identificadas como “mule accounts”, caracterizadas pelo uso por terceiros para intermediar transações ilegais. Apenas 1% dos casos foram registrados como fraudes de abertura de conta com documentos falsificados.
Os demais 35% envolveram outras classificações de fraude, sem detalhamento público. Essas marcações visam facilitar a identificação e bloqueio de contas fraudulentas dentro do DICT, contribuindo para futuras ações de prevenção.