Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) analisou a relação entre o uso de máscaras e a mortalidade por Covid-19 em 24 países europeus. Os resultados indicaram que não houve correlação significativa entre o uso do equipamento de proteção e a redução dos casos da doença. Além disso, a pesquisa sugere que o uso prolongado pode ter gerado efeitos adversos.
O uso de máscaras: Análise dos países europeus
O estudo comparou países que adotaram diferentes políticas quanto ao uso de máscaras. Itália, Espanha e Portugal impuseram regras rigorosas desde a primavera de 2020, enquanto Noruega e Holanda só implementaram medidas no inverno de 2020-2021. Já Dinamarca e Suécia mantiveram um nível baixo de utilização de máscaras ao longo de todo o período analisado. Os resultados mostraram que os países com restrições menos severas, como Noruega e Suécia, tiveram taxas de mortalidade mais baixas em comparação com aqueles que adotaram medidas mais rigorosas.
Outro ponto abordado na pesquisa é a hipótese de que o uso prolongado de máscaras pode ter causado efeitos adversos. Segundo os cientistas, o equipamento pode ter contribuído para a reinalação de partículas virais, prolongando a permanência do vírus no organismo de infectados e aumentando sua disseminação. Esse efeito pode explicar a correlação positiva observada entre o uso de máscaras e o excesso de mortalidade ajustado por idade.
Falta de evidências sobre a eficácia das máscaras
O estudo também analisou revisões sistemáticas anteriores sobre o tema e constatou que não há evidências sólidas que comprovem a eficácia do uso de máscaras na prevenção da transmissão do vírus em nível populacional. Apesar de a pesquisa não estabelecer uma relação causal direta, os pesquisadores destacam a necessidade de mais estudos para entender os impactos dessa medida.
Os resultados do estudo da USP colocam em debate a efetividade das máscaras como estratégia de contenção da Covid-19. Enquanto algumas nações adotaram medidas rigorosas, outras optaram por uma abordagem mais flexível, e os dados levantados não indicam que o uso obrigatório tenha resultado em menor mortalidade.
Além disso, a possibilidade de efeitos adversos reforça a necessidade de mais pesquisas para compreender as consequências do uso prolongado de máscaras e sua real contribuição para o combate a pandemias futuras.