O dólar opera em alta nesta quarta-feira (9), ultrapassando a marca dos R$ 6,07, impulsionado pelo agravamento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China. A nova rodada de retaliações tarifárias entre as duas maiores economias do mundo desencadeou uma reação imediata nos mercados financeiros, provocando volatilidade cambial e pessimismo nas bolsas de valores globais.
Dólar opera em alta com reações às tarifas
Por volta das 13h20, a cotação da moeda norte-americana registrava R$ 6,04 no mercado de câmbio. No entanto, momentos antes, o dólar havia atingido a máxima de R$ 6,0961. A valorização expressiva ocorre em meio ao nervosismo dos investidores com a intensificação da guerra comercial entre Washington e Pequim. O cenário pressionou não apenas o mercado brasileiro, mas também impactou moedas emergentes e ativos de risco em todo o mundo.
No Brasil, o reflexo também foi sentido na bolsa de valores. O Ibovespa, principal indicador do desempenho das ações negociadas na B3, operava em queda durante a tarde, acompanhando o clima negativo dos mercados internacionais.
O estopim para o aumento da volatilidade foi o anúncio, na manhã desta quarta-feira, do Ministério das Finanças da China. O governo chinês informou que vai aplicar tarifas de 84% sobre determinados produtos originários dos Estados Unidos. Essa decisão representa um acréscimo de 50 pontos percentuais em relação às tarifas de 34% que já estavam em vigor desde a semana anterior.
A medida adotada por Pequim é uma resposta direta à postura mais agressiva da Casa Branca. O governo chinês afirmou que busca proteger seus interesses econômicos diante do que considera uma escalada unilateral de tensões comerciais por parte dos EUA.
EUA impõem tarifas de até 104% e ampliam retaliações
Do lado americano, também entraram em vigor nesta quarta as novas tarifas sobre produtos importados da China. O pacote inclui taxas que chegam a 104%, uma medida sem precedentes adotada pela administração do presidente Donald Trump.
Além das tarifas impostas a produtos chineses, o governo dos EUA iniciou a aplicação de uma série de sanções tarifárias adicionais, variando entre 10% e 50%, sobre importações de mais de 180 países. Segundo Trump, essas nações seriam responsáveis por manter déficits comerciais com os Estados Unidos ou por criar barreiras comerciais ao acesso de produtos norte-americanos.
A iniciativa americana provocou reações imediatas de diversos parceiros comerciais, elevando ainda mais a tensão no cenário internacional e contribuindo para que o dólar opere em alta em diversos mercados emergentes.
A tensão global não se limitou ao confronto direto entre EUA e China. A União Europeia também anunciou medidas de retaliação econômica. O bloco europeu confirmou que passará a aplicar tarifas de 25% sobre uma ampla gama de importações provenientes dos Estados Unidos. As novas regras entrarão em vigor na próxima terça-feira, dia 15.
Autoridades europeias justificaram a decisão como uma resposta proporcional à postura protecionista de Washington, que tem prejudicado exportadores do bloco e distorcido as relações comerciais internacionais. A medida aprofunda o temor de um movimento em cadeia de restrições comerciais entre grandes economias.