A dívida bruta do Brasil registrou aumento em fevereiro de 2025, alcançando o patamar de 76,2% do Produto Interno Bruto (PIB). O crescimento representa um acréscimo de 0,5 ponto percentual em comparação com o mês anterior. Os dados constam no relatório “Estatísticas Fiscais” divulgado pelo Banco Central nesta terça-feira (8). Em valores nominais, a dívida soma R$ 9 trilhões. O resultado reflete uma combinação de fatores, como o pagamento de juros, a emissão líquida da dívida e a variação do PIB nominal.
A dívida bruta do Brasil alcançou 76,2% do PIB em fevereiro
Segundo o Banco Central, o avanço de 0,5 ponto percentual na dívida bruta do Brasil foi impulsionado principalmente pelo aumento das despesas com juros, que contribuíram com 0,7 ponto percentual para o crescimento do endividamento.
Além disso, a emissão líquida de títulos da dívida colaborou com 0,1 ponto percentual. Por outro lado, a variação do PIB nominal teve um efeito redutor de 0,4 ponto percentual, o que atenuou parcialmente a elevação do índice.
Apesar da alta registrada em fevereiro, o indicador apresenta uma leve queda acumulada de 0,3 ponto percentual em 2025. No entanto, durante a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o índice da dívida bruta do Brasil subiu 4,5 pontos percentuais, indicando uma tendência de aumento nos últimos períodos.
Setor público consolidado acumula déficit de R$ 939,8 bilhões
O levantamento realizado pelo portal Poder360 mostra que o setor público consolidado, que inclui União, Estados, municípios e estatais, acumulou um déficit nominal de R$ 939,8 bilhões nos 12 meses encerrados em fevereiro deste ano. Esse montante representa o maior nível desde novembro de 2023, quando o déficit acumulado em 12 meses foi de R$ 844,8 bilhões.
O déficit nominal considera tanto o resultado primário quanto as despesas com juros da dívida pública. Esse aumento no déficit aponta para um cenário fiscal desafiador, exigindo atenção contínua à gestão das contas públicas em todas as esferas do governo.
Juros da dívida seguem pressionando as contas públicas
As despesas com juros da dívida pública continuam sendo o principal fator de pressão sobre o déficit nominal. De acordo com os dados divulgados, os juros totalizaram R$ 924 bilhões no acumulado de 12 meses até fevereiro de 2025. Isso representa uma alta de 1,4% em relação ao valor observado em janeiro, que foi de R$ 910,9 bilhões.
O maior patamar recente foi registrado em dezembro de 2024, quando os gastos com juros chegaram a R$ 950,4 bilhões em 12 meses. A magnitude desses valores demonstra o peso que os encargos financeiros têm sobre o orçamento público e reforça a necessidade de medidas voltadas à sustentabilidade fiscal de longo prazo.
Especialistas apontam que a trajetória da dívida bruta do Brasil nos próximos meses dependerá da capacidade do governo em conter o crescimento das despesas obrigatórias e melhorar a arrecadação tributária. Além disso, medidas estruturais, como a reforma tributária e ajustes no arcabouço fiscal, podem influenciar significativamente o controle do endividamento público.
A administração federal também enfrenta o desafio de equilibrar os investimentos em políticas sociais e infraestrutura com a necessidade de manter as contas públicas sob controle. Essa equação se torna ainda mais delicada diante do cenário internacional incerto, com possíveis repercussões sobre o câmbio, inflação e crescimento econômico.