O deputado Gilson Marques (Novo-SC) apresentou um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para revogar a instrução normativa que autoriza a Receita Federal a realizar o monitoramento de Pix em transações que ultrapassam R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para empresas. A medida gerou controvérsias por questões de privacidade e sigilo bancário.
Entenda o monitoramento do Pix
A regulamentação em questão foi publicada pela Receita Federal em setembro de 2024 e estabelece que transações realizadas via Pix que ultrapassem os valores especificados sejam automaticamente informadas ao órgão. O objetivo principal da medida é combater a sonegação fiscal em um cenário onde o Pix tem ganhado destaque como meio de pagamento no Brasil.
No entanto, a norma tem gerado debates. Críticos apontam para possíveis violações do direito à privacidade, alegando que a transferência de dados financeiros sensíveis para o governo deveria passar por maior escrutínio e aprovação legislativa.
Argumentos do Deputado Gilson Marques
Gilson Marques argumenta que a medida contraria o princípio constitucional da legalidade estrita, bem como o direito ao sigilo bancário e à privacidade. Para ele, a implementação dessa norma exige um debate mais amplo no Congresso Nacional para garantir que os direitos dos cidadãos sejam respeitados.
Segundo o parlamentar, “a discussão no Congresso é essencial para assegurar transparência e equilíbrio entre a necessidade de arrecadação tributária e a proteção dos direitos fundamentais”. O deputado também alerta que a centralização desses dados pode trazer riscos de uso inadequado ou vazamento de informações.
Impactos do Monitoramento de Pix
A implementação do monitoramento de Pix é vista por especialistas como um mecanismo para combater a informalidade econômica e ampliar a base de arrecadação tributária. Antes da popularização do Pix, muitos trabalhadores informais estavam fora do radar da Receita Federal, já que recebiam seus pagamentos exclusivamente em espécie.
Com o registro das transações feitas via Pix, pessoas que ultrapassarem os limites estabelecidos pela instrução normativa podem ser identificadas pela Receita e, eventualmente, obrigadas a pagar impostos. Esse processo inclui trabalhadores informais e até beneficiários do programa Bolsa Família que complementam sua renda com atividades autônomas.
Por exemplo, pedreiros, diaristas, pintores e outros profissionais que costumavam trabalhar de forma não declarada terão suas rendas monitoradas e associadas a seus CPFs, tornando obrigatória a regularização tributária caso suas movimentações financeiras excedam o limite de R$ 5 mil mensais.
Para que o Projeto de Decreto Legislativo seja aprovado, é necessário obter ao menos 257 votos na Câmara dos Deputados. A proposta enfrenta resistência, principalmente de setores que defendem o monitoramento de Pix como uma ferramenta crucial para coibir a sonegação fiscal e promover maior justiça tributária.
No entanto, o debate continua intenso, com parlamentares e representantes de diferentes setores da sociedade argumentando sobre os benefícios e riscos da medida. Enquanto uns ressaltam a importância de aumentar a arrecadação e reduzir desigualdades, outros alertam para os perigos de possíveis abusos contra o direito à privacidade.