Desde o início de abril, o Brasil tem registrado uma série de invasões organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com o objetivo de reivindicar avanços na Reforma Agrária. As ações coordenadas, que já somam 23 ocupações em dez Estados, envolvem aproximadamente 10 mil famílias e devem se estender até o dia 17 de abril.
Invasões ganham força com o ‘abril vermelho’
O MST deflagrou em abril uma nova onda de invasões em várias regiões do país. As ações, segundo o próprio movimento, fazem parte da jornada de lutas que culmina em 17 de abril, data lembrada como o “Dia Internacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária”. As ocupações ocorrem simultaneamente em Estados como Pará, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Goiás, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
A mobilização reúne milhares de famílias que, segundo o movimento, visam pressionar o governo por políticas mais efetivas de redistribuição de terras. A dirigente nacional do MST, Margarida Silva, afirma que as invasões representam uma resposta à crise ambiental, climática e social enfrentada no país.
O Estado de Pernambuco tem sido o epicentro das ações promovidas pelo MST. Em Goiana, cerca de 800 famílias ocuparam a Usina Santa Teresa. Já em Riacho das Almas, outras 150 famílias invadiram a Fazenda Galdino. A Fazenda Barra da Ribeira, localizada entre os municípios de Águas Belas e Iati, também foi alvo, com a ocupação de 120 famílias.
Além disso, o movimento realizou invasões em diversos outros municípios pernambucanos, como Petrolina, Limoeiro, Tacaratu, Altinho, Ibirajuba, Pombos, Gravatá, Floresta e Rio Formoso. Nessas localidades, o MST reivindica a desapropriação imediata das áreas ocupadas para fins de Reforma Agrária.
Ações se espalham pela Paraíba, Ceará e Sergipe
Na Paraíba, a mobilização se intensificou com a ocupação da Fazenda Carvalho em Solânea, onde 50 famílias se estabeleceram. Em Santa Rita, 500 famílias ocuparam uma granja, enquanto em Tacima, a Fazenda Nossa Senhora de Fátima foi invadida por cem famílias.
No Ceará, 700 agricultores ocuparam a sede da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, em Fortaleza. A ocupação não envolveu terras, mas teve como foco exigir infraestrutura para os assentamentos já existentes, além da desapropriação de novas áreas. Já em Sergipe, 500 famílias se instalaram em uma área na Região Metropolitana de Aracaju, dando continuidade à jornada nacional de invasões.
Em Minas Gerais, mais de 600 famílias ocuparam uma área rural no município de Frei Inocêncio. A demanda central dos manifestantes é a desapropriação da Fazenda Rancho Grande para fins de Reforma Agrária. Em São Paulo, 400 famílias se estabeleceram na Usina São José, localizada em Rio das Pedras.
O Estado do Rio de Janeiro também está entre os alvos das ações. Em Campos dos Goytacazes, 500 famílias ocuparam a Fazenda Santa Luzia, na Usina Sapucaia. Já em Goiás, a ocupação da Fazenda São Paulo, no município de Água Fria, envolveu 500 famílias, que exigem o assentamento imediato dos grupos que já vivem em acampamentos na região.