O Congresso protagoniza mais um capítulo da disputa entre os Poderes, após a Comissão Mista de Orçamento (CMO) rejeitar uma Medida Provisória (MP) que previa aumento no orçamento do Poder Judiciário. A decisão ocorre em um contexto de tensão entre o Legislativo e o Supremo Tribunal Federal (STF), exacerbada pela recente liminar do ministro Flávio Dino, que suspendeu todas as emendas impositivas de parlamentares ao Orçamento da União.
Veto no aumento do judiciário
A CMO do Congresso votou contra a MP que destinaria mais recursos ao Judiciário, uma decisão interpretada como retaliação à suspensão das emendas parlamentares pelo ministro Dino. Apesar de a medida ter sido rejeitada na comissão, ainda precisa ser submetida à votação na Câmara dos Deputados, o que pode redefinir o futuro desta proposta orçamentária.
A liminar de Dino, emitida pelo STF, ordenou a suspensão das emendas impositivas até que novas regras sejam estabelecidas, baseadas em critérios de transparência, rastreabilidade e eficiência. Segundo Dino, essa determinação busca garantir que a execução orçamentária esteja alinhada com princípios constitucionais e não dependa unicamente da vontade dos parlamentares, gerando uma tensão evidente entre o Legislativo e o Judiciário.
As emendas impositivas são recursos que os parlamentares indicam ao orçamento, com pagamento obrigatório pelo governo. Elas incluem as chamadas emendas Pix, que são transferências diretas para estados e municípios sem destinação específica.
A decisão de Dino também afeta emendas individuais com destinação pré-definida e as emendas de bancada, apresentadas por grupos de parlamentares de um mesmo estado.
Reação do Congresso à decisão do STF
O presidente da Câmara, Arthur Lira, criticou a intervenção do STF, defendendo a autonomia do Congresso na gestão das emendas. Lira afirmou que decisões monocráticas não devem alterar a prerrogativa do Legislativo sobre o orçamento, destacando que os parlamentares têm maior conhecimento sobre as necessidades locais, em comparação com a burocracia federal.
Nos últimos anos, as emendas parlamentares ganharam espaço no orçamento, principalmente durante o governo Lula, com o aumento da participação dos congressistas em investimentos locais.
Para 2024, o Congresso tinha reservado R$ 49 bilhões em emendas, com R$ 25 bilhões destinados a emendas individuais, incluindo R$ 8,2 bilhões em emendas Pix, R$ 8,5 bilhões em emendas de bancada, e R$ 15,5 bilhões em emendas de comissão.
Com o desenrolar dessa disputa, o Congresso busca reafirmar sua autonomia na gestão orçamentária, enquanto o STF tenta garantir que as emendas parlamentares obedeçam a critérios constitucionais de transparência e eficiência. Este embate promete continuar influenciando o cenário político e a execução orçamentária nos próximos meses.