O trágico acidente envolvendo o avião ATR-72-500 da Voepass, ocorrido em Vinhedo (SP) na última sexta-feira (9), trouxe à tona um histórico preocupante de problemas mecânicos e manutenções anteriores à queda. A aeronave, que transportava 62 pessoas, já havia apresentado defeitos em voos anteriores, levantando questionamentos sobre sua segurança. A principal hipótese para a causa do acidente é a formação de gelo nas asas, algo similar a um incidente ocorrido há três décadas nos Estados Unidos.
Histórico de problemas do ATR-72-500 da Voepass
De acordo com informações do Jornal Fantástico, a aeronave que caiu em Vinhedo já havia registrado uma série de problemas técnicos antes do fatídico acidente. Em 11 de março, o avião, que operava um voo entre Recife (PE) e Salvador (BA), enfrentou falhas no sistema hidráulico e um contato anormal com a pista. Esses incidentes resultaram em um período de inatividade da aeronave em Salvador, onde permaneceu estacionada por 17 dias.
Após ser transferida para Ribeirão Preto (SP) em 28 de março, a aeronave passou por reparos, incluindo a correção de um “dano estrutural” na cauda, mas permaneceu fora de operação por cerca de três meses. O ATR-72-500 só voltou a realizar voos comerciais em 9 de julho, partindo de Ribeirão Preto com destino ao Aeroporto Internacional de Guarulhos.
Logo após retomar as operações, o avião enfrentou mais um problema significativo. Durante a rota para Guarulhos, a aeronave sofreu uma despressurização, forçando seu retorno a Ribeirão Preto, desta vez sem passageiros. Este novo incidente resultou em mais quatro dias de reparos antes que a aeronave voltasse a operar regularmente.
A persistência desses problemas levantou preocupações entre especialistas. O comandante Ruy Guardiola, pioneiro no uso de aviões ATR no Brasil, ressaltou a gravidade de falhas hidráulicas em qualquer tipo de aeronave, questionando as manutenções realizadas pela Voepass. “Teve dano estrutural. Que tipo de correção foi efetuada pelo grupo Voepass na sua manutenção, para disponibilizar a aeronave a voo?”, indagou Guardiola.
Relatos de Passageiros
No dia anterior ao acidente, a jornalista Daniela Arbex relatou uma experiência inquietante a bordo da aeronave, mencionando problemas com o ar-condicionado. “Eu fiquei muito angustiada diante daquela situação, porque eu pensei assim, se eles não são capazes de fazer uma manutenção adequada num simples ar-condicionado, será que esse voo é seguro?”, relatou Arbex. Este relato reforça as dúvidas sobre a confiabilidade da manutenção do avião antes do desastre.
Hipótese de gelo nas asas
A investigação sobre a queda do avião em Vinhedo está em andamento, mas a principal hipótese aponta para a formação de gelo nas asas como possível causa do acidente. Esse cenário é semelhante ao ocorrido há 30 anos com um ATR da American Eagle nos Estados Unidos, onde o acúmulo de gelo nas asas levou à queda da aeronave.
Diego Amaro, ex-piloto de ATR, explicou o funcionamento do sistema de remoção de gelo, que consiste em uma proteção de borracha que infla para quebrar o gelo acumulado. No entanto, se o sistema falha, o gelo pode se acumular nas asas, alterando a aerodinâmica do avião e levando a uma possível perda de controle.
O acidente com o ATR-72-500 da Voepass em Vinhedo destaca a importância da manutenção adequada e da investigação rigorosa das causas de incidentes aéreos.
Com um histórico de problemas mecânicos e a hipótese de gelo nas asas, o caso serve como um alerta para a necessidade de uma vigilância constante na segurança aérea. As autoridades continuam investigando o acidente, buscando respostas para evitar que tragédias como essa voltem a acontecer.