Servidores ambientais federais deflagraram uma greve geral por tempo indeterminado nesta terça-feira (2). A paralisação, que envolve servidores de 23 Estados e do Distrito Federal, busca a reestruturação de carreira, melhores condições de trabalho e a realização de novos concursos públicos.
Servidores ambientais federais param em 23 estados
A greve ocorre em um momento crítico, com recordes de incêndios no Pantanal, Amazônia e Cerrado. A paralisação também interrompe o processo de licenciamento para a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas, um projeto de interesse da Petrobras e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A mobilização foi iniciada por funcionários do Ministério do Meio Ambiente (MMA), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Serviço Florestal Brasileiro. A Associação Nacional dos Servidores de Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Ascema) declarou que a greve ocorre após oito meses de negociações infrutíferas com o governo federal.
Em maio, os servidores rejeitaram uma proposta do governo. No mês seguinte, apresentaram uma contraproposta que também não foi aceita, resultando no encerramento das negociações. A greve foi intensificada com a adesão de servidores de 19 Estados adicionais nesta semana.
Apesar da greve, algumas atividades essenciais continuarão sendo realizadas. Isso inclui a fiscalização ambiental em situações emergenciais, a manutenção de 10% dos servidores no licenciamento ambiental em casos de emergência e o atendimento a demandas urgentes em unidades de conservação.
Posicionamento das entidades representativas
A Ascema e a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef/Fenadsef) reafirmaram que estão abertas à negociação. As entidades buscam a reestruturação da Carreira de Especialista em Meio Ambiente e do Plano Especial de Cargos do MMA e do Ibama (Pecma).
Elas alegam que os prejuízos à economia, à sociedade e ao meio ambiente são consequência da intransigência e inércia do governo em prosseguir com as negociações de forma justa e dialogada.
Impacto da greve nas licenças ambientais
A paralisação dos servidores ambientais federais tem impacto direto no processo de licenciamento ambiental, especialmente em projetos de grande porte como a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas. A suspensão dessas licenças pode causar atrasos significativos em empreendimentos que dependem dessas aprovações para continuar suas operações.
Reações à greve
A reação à greve dos servidores ambientais tem sido mista. Enquanto algumas organizações ambientais apoiam as reivindicações por entenderem que melhorias nas condições de trabalho são essenciais para a preservação do meio ambiente, setores econômicos mostram preocupação com os atrasos e prejuízos financeiros que a paralisação pode causar.
As reivindicações dos servidores ambientais não são novas. Há anos, a categoria luta por melhores condições de trabalho e por uma reestruturação de carreira que valorize os profissionais responsáveis pela proteção dos recursos naturais do país.
A falta de novos concursos públicos também é uma preocupação constante, pois o déficit de pessoal compromete a eficiência das ações de fiscalização e conservação ambiental.