No Brasil, a luta contra o feminicídio enfrenta desafios crescentes, conforme evidenciado pelos últimos dados que indicam um número recordista de casos. Em um levantamento recente divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), foi registrado um total de 1.463 mulheres vítimas de feminicídio no último ano, o que representa uma média de 1 caso a cada 6 horas, marcando o pico mais alto desde a instituição da lei que tipifica esse crime, em 2015.
Este número representa um incremento de 1,6% em comparação ao ano anterior, o que coloca em evidência a urgência de ações efetivas para o combate a essa violência de gênero.
A Distribuição geográfica do feminicídio no Brasil
O estudo do FBSP revelou uma distribuição desigual de casos pelo território nacional, com 18 estados superando a média nacional de 1,4 mortes para cada 100 mil mulheres.
Mato Grosso liderou o ranking, apresentando a taxa mais elevada, com 2,5 feminicídios por 100 mil mulheres. Em seguida, Acre, Rondônia e Tocantins compartilharam o segundo lugar, com uma taxa de 2,4, enquanto o Distrito Federal registrou 2,3 feminicídios por 100 mil mulheres.
Por outro lado, os estados do Ceará, São Paulo e Amapá demonstraram as menores taxas, indicando variações significativas que demandam atenção às particularidades regionais na formulação de políticas públicas.
A análise destacou um problema grave de subnotificação, especialmente no Ceará, onde o número de feminicídios reconhecidos oficialmente representa apenas uma fração dos homicídios de mulheres. Essa discrepância sugere a existência de barreiras no reconhecimento e classificação desses crimes, complicando os esforços para um enfrentamento adequado do feminicídio no país.
Perfil das Vítimas
O relatório também ofereceu insights sobre o perfil das vítimas de feminicídio, com uma predominância de mulheres jovens, entre 18 e 44 anos, e uma maioria de mulheres pretas e pardas. Tal configuração demográfica reflete desigualdades sociais e raciais que intersectam com a violência de gênero, ampliando a vulnerabilidade de determinados grupos.
Os autores da violência
Importante destacar que a maioria dos feminicídios foi cometida por parceiros ou ex-parceiros íntimos das vítimas, evidenciando a natureza doméstica e relacional dessa forma de violência. Esse aspecto sublinha a necessidade de fortalecer as redes de apoio e canais de denúncia, como a Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, para oferecer proteção eficaz às mulheres em situação de risco.
Os dados recentes sobre o feminicídio no Brasil lançam luz sobre a gravidade e a complexidade desse problema, exigindo uma resposta multidimensional que envolva políticas públicas efetivas, educação para a igualdade de gênero e o fortalecimento dos mecanismos de proteção às mulheres. A luta contra o feminicídio deve ser uma prioridade nacional, mobilizando todos os setores da sociedade na busca por um futuro livre de violência contra as mulheres.