O desmatamento na Amazônia registrou um aumento alarmante de 92% em maio de 2025, quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Os dados, divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), evidenciam a intensificação da devastação ambiental na região, que continua sendo alvo de ações ilegais e uso indevido do fogo.
Desmatamento na Amazônia está fora de controle, aponta INPE
Segundo o levantamento do Deter, sistema de monitoramento em tempo real do Inpe, foram derrubados 960 km² de cobertura florestal na Amazônia apenas em maio deste ano. Em maio de 2024, o número havia sido de 502 km². Esta é a segunda vez em 2025 que o desmatamento apresenta crescimento, já que abril também teve alta, de 55%, nos alertas de destruição da floresta.
Os estados com maior área desmatada foram Mato Grosso, com 627 km², seguido por Pará (145 km²) e Amazonas (142 km²), refletindo a vulnerabilidade das áreas críticas da Amazônia Legal.
Uso criminoso do fogo agrava devastação
O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, atribuiu parte significativa da destruição ao que classificou como “Desmatamento com Vegetação”. Esse tipo de desmatamento ocorre quando o fogo é utilizado, muitas vezes de maneira criminosa, para eliminar a floresta.
Capobianco destacou que o cenário de aquecimento global e clima mais seco tem facilitado a ação de criminosos ambientais. Ele defendeu maior rigor na responsabilização, com a ampliação dos embargos e cobrança efetiva de multas, além da restrição ao crédito rural para quem pratica desmatamento sem autorização legal.
Sistema Deter e Prodes monitoram áreas devastadas
As informações apresentadas são provenientes do sistema Deter, voltado à detecção de desmatamento em tempo real. No entanto, o Inpe também mantém o sistema Prodes, que oferece dados mais detalhados e precisos para o cálculo das taxas anuais de desmatamento na Amazônia Legal.
Apesar do crescimento registrado em maio, os dados consolidados de 2024 indicam uma redução no desmatamento. De janeiro a dezembro do ano passado, houve uma queda de 30,6% em relação a 2023, conforme números do Prodes. Esse dado, no entanto, não anula a tendência preocupante de aumento pontual nos últimos meses.
Especialistas cobram ação política mais efetiva
Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, avaliou que os números de maio indicam a necessidade de reforço na política ambiental. Segundo ele, é fundamental que o governo federal adote uma postura mais enérgica e ações mais eficazes para conter a devastação da floresta amazônica.
A crítica se soma ao apelo por maior fiscalização, investimentos em inteligência ambiental e políticas públicas integradas entre os entes federativos para enfrentar as práticas ilegais que aceleram o desmatamento na Amazônia.
Pantanal apresenta queda significativa na devastação
Enquanto a Amazônia enfrenta um aumento expressivo na destruição florestal, o Pantanal apresenta um cenário oposto. Dados do Inpe revelam que o desmatamento no bioma teve uma redução de 65% em maio, na comparação com o mesmo mês do ano anterior.
No acumulado dos últimos 10 meses, de agosto de 2024 a maio de 2025, a área desmatada no Pantanal caiu de 1.035 km² para 267 km², uma retração de 74%. O número indica que, embora ameaçado por queimadas e pressão agropecuária, o Pantanal teve avanços importantes na preservação ambiental.