Quatro casos do superfungo “Candida auris” foram confirmados no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), nesta última quarta-feira (16). O “Candida auris” é altamente resistente a medicamentos, o que torna a situação preocupante para os profissionais de saúde e os pacientes envolvidos.
Identificação do Superfungo
Os casos confirmados no Hospital João XXIII incluem dois pacientes que receberam alta nos dias 20 de setembro e 2 de outubro, enquanto os outros dois seguem internados. A Fundação Ezequiel Dias (Funed), por meio do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), está conduzindo testes em 24 casos suspeitos de infecção pelo superfungo.
A confirmação dessas infecções reforça a necessidade de vigilância rigorosa nos hospitais, uma vez que o fungo apresenta grande capacidade de resistência às terapias atuais.
O Candida auris foi identificado pela primeira vez em humanos no Japão, em 2009. Desde então, surtos foram registrados em diversos países, incluindo Índia, África do Sul, Venezuela, Colômbia, Estados Unidos, Reino Unido, Espanha e Brasil.
Aqui no país, o maior surto ocorreu em Recife, entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022, em um hospital local. Esses surtos têm afetado predominantemente ambientes hospitalares, onde pacientes vulneráveis estão internados.
A Gravidade do superfungo
O Candida auris é conhecido por afetar principalmente pacientes com a saúde debilitada, especialmente aqueles internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Segundo o imunologista André Moraes Nicola, professor da Universidade de Brasília (UnB), em entrevista anterior ao Metrópoles, “as infecções causadas pelo Candida auris são muito difíceis de tratar devido à sua resistência aos medicamentos disponíveis”.
Ao contrário de outras espécies do mesmo gênero, como o Candida albicans, que causa candidíase e é de fácil tratamento, o Candida auris apresenta uma resistência significativa a antifúngicos, sendo potencialmente letal.
A candidíase por C. albicans geralmente afeta pele, unhas e órgãos genitais, mas é tratável. Já as infecções por Candida auris podem ser extremamente graves, especialmente quando o fungo atinge a corrente sanguínea, levando a uma taxa de mortalidade de até 59%, segundo pesquisas recentes.
Grupo de risco e fatores de infecção
O grupo de risco para infecções por Candida auris é composto por pacientes que passaram por cirurgias recentes, possuem sistema imunológico comprometido, estão internados em UTIs ou fazem uso de antibióticos ou antifúngicos prolongados.
É possível que uma pessoa seja colonizada pelo fungo na pele ou mucosas sem desenvolver sintomas imediatos, mas o risco de complicações fatais ocorre quando o fungo consegue invadir a corrente sanguínea. Em situações mais graves, o superfungo pode resultar em infecções sistêmicas difíceis de controlar, especialmente em ambientes hospitalares onde a imunidade dos pacientes é debilitada.