*Sêmia Mauad/ Opinião MT
Edgar Ricardo de Oliveira, depois de mais de 13 horas de julgamento, foi condenado a 136 anos, três meses e vinte dias de prisão, pelo Tribunal do Júri. Ele foi condenado pelas mortes de sete pessoas, incluindo de uma adolescente de 12 anos, que foi atingida pelas costas, em chacina ocorrida no ano passado, em Sinop. O julgamento ocorreu na tarde da última quinta-feira, dia 15 de outubro.
A Justiça ainda determinou que o assassino indenize as famílias das vítimas. O valor estipulado foi R$ 200 mil reais.
Depois que a sentença foi proferida, ele disse que vai recorrer da decisão.
O JULGAMENTO
O julgamento foi presidido pela juíza Rosângela Zacarkim dos Santos. A acusação foi realizada pelo promotor Herbert Dias Ferreira, enquanto o defensor público Ricardo Bosquesi, ficou com a defesa do réu.
Durante o julgamento, a mãe da adolescente de 12 anos, morta pelo autor da chacina, foi ouvida, além de outras quatro testemunhas de acusação. Também foram ouvidas três testemunhas de defesa. O assassino Edgar Ricardo de Oliveira também foi ouvido.
Durante o júri, o promotor de justiça pediu a condenação de Edgar uma vez que ele era réu confesso. Ele denunciou que Edgar teria cometido homicídios com qualificadoras de motivo torpe, meio cruel e que resultou perigo comum, e ainda recurso que dificultou a defesa das vítimas, além de roubo e uso de arma de fogo.
A defesa tentou provar que Edgar cometeu os crimes sem qualificadoras.
Depois de ouvidos a juíza do caso perguntou se os jurados estavam aptos a julgar. Em seguida, ela proferiu a sentença. Edgar foi condenado a mais de 136 anos de prisão, em regime fechado.
O DEPOIMENTO DO ASSASSINO
Edgar durante julgamento tentou minimizar os crimes cometidos de forma brutal. Ele chegou a dizer que “somente ele sabe a verdade absoluta do que ocorreu”. Contou aos jurados que um dia antes dos assassinatos trabalhou normalmente e que tinha funcionários que eram pagos em dia, e que era empresário do ramo de obras. Falou ainda que era pai de família e que tem um filho “que ama mais que tudo nessa vida”. Casado, morava com a esposa.
Durante depoimento não demonstrou arrependimento pelas mortes que causou. Ele contou que reagiu aos insultos dos adversários de bilhar. Chegou a dizer, inclusive, que as pessoas estavam tramando contra ele, com o objetivo de roubar o que era dele.
Só que o promotor afirmou que pelas imagens gravadas, as vítimas estavam focadas em assistir o jogo de futebol que passava pela televisão. E ressaltou ainda que dos áudios é possível afirmar que ninguém fez nenhum gesto ou direciona qualquer frase ao assassino.
Afirmou ainda que não conhecida três das vítimas e que a adolescente de 12 anos morta pelas costas, ele “matou sem querer”.
Questionado se ele matou por dinheiro, ele ressaltou que “ganhava muito mais do que os R$ 4 mil colocados na mesa de aposta”.
Só que o promotor questionou: “Se não foi pelo dinheiro, pelo jogo, porque voltou ao bar?. Edgar respondeu que “ninguém morre de graça”.
As declarações de Edgar irritaram o promotor de Justiça Herbert Dias Ferreira. Segundo ele as falas do acusado são “mentirosas”.
“Eu quero pedir desculpas para os familiares de todas as vítimas, vocês não mereciam ouvir essas mentiras e esses absurdos que o Edgar contou aqui. Eu tenho a impressão que se esse interrogatório se alongasse por mais alguns minutos, o réu teria dito aqui que foi abduzido, levaram ele para outro planeta, porque não é possível que uma versão dessas convença, minimamente, quem está aqui hoje assistindo esse julgamento. Uma das maiores barbaridades que já cometeram no nosso Estado de Mato Grosso e, lamentavelmente, na oportunidade que o réu tem de se defender, de demostrar arrependimento, ele prefere seguir o caminho do desrespeito e da mentira”, afirmou o promotor.
Depois de matar sete pessoas, o assassino ainda voltou ao local do crime e pegou os R$ 4 mil que estavam em cima da mesa de sinuca. Ele ainda levou a bolsa de Raquel, mãe da adolescente de 12 anos.
O acusado ainda tentou dizer que a chacina ocorreu porque ele teria usado cocaína no dia do crime. Explicou que não era viciado, mas naquele dia consumiu.
AS VÍTIMAS
Edgar Ricardo de Oliveira e seu comparsa Ezequias Souza Ribeiro mataram sete pessoas, incluindo uma menor de idade.
As vítimas são: Getúlio Rodrigues Frasão Júnior, de 36 anos; a filha dele, de 12 anos; Orisberto Pereira Sousa, de 38 anos; Adriano Balbinote, de 46 anos; Josué Ramos Tenório, de 48 anos; Maciel Bruno de Andrade Costa, de 35 anos; e Elizeu Santos da Silva, de 47 anos.