O fluxo migratório de venezuelanos tem aumentado significativamente após a reeleição de Nicolás Maduro. Enfrentando condições extremas, milhares atravessam a perigosa selva de Darien Gap, localizada entre a Colômbia e o Panamá, em busca de uma nova vida fora do regime venezuelano.
Venezuelanos buscam refúgio em países vizinhos
Desde a reeleição de Nicolás Maduro, ocorrida em 28 de julho de 2024, o número de venezuelanos que optam por fugir do país tem crescido de maneira alarmante. O Darien Gap, uma das rotas migratórias mais perigosas do mundo, tornou-se um caminho frequente para essas pessoas que arriscam suas vidas em busca de oportunidades e segurança fora da Venezuela.
A repressão política e as dificuldades econômicas enfrentadas pela população motivam essa migração em massa, com muitos buscando alcançar o território dos Estados Unidos.
Segundo dados da agência de notícias Associated Press, somente em 2023, mais de 500 mil migrantes cruzaram o Darien Gap, dos quais 65% eram venezuelanos (Vídeo abaixo). Este número foi superado em 2024, com registros mostrando um aumento de 51% no número de migrantes em relação ao mês anterior.
O Ministério da Segurança do Panamá indicou que, no mês passado, 25.111 pessoas atravessaram a região, sendo aproximadamente 80% venezuelanos. A busca por melhores condições de vida, longe do controle de Maduro, é o principal motivador desse êxodo.
A rota perigosa de Darien Gap
O Darien Gap é conhecido como uma das passagens mais perigosas do mundo. Trata-se de uma extensa área de selva densa e inóspita, repleta de desafios naturais, como rios caudalosos, montanhas e fauna perigosa. Além disso, os migrantes enfrentam a ameaça de grupos criminosos que atuam na região, incluindo traficantes de drogas e pessoas, que veem na vulnerabilidade dos migrantes uma oportunidade para exploração.
Ainda assim, milhares de venezuelanos optam por atravessar o Darien Gap, movidos pela esperança de uma vida melhor. A rota, que começa na Colômbia e segue até o Panamá, é um desafio extremo para pessoas de todas as idades.
Muitos migrantes, ao longo dessa jornada, enfrentam a falta de alimentos, água potável e assistência médica. Os riscos de doenças e ferimentos são constantes, e não são raros os relatos de mortes ao longo do percurso.
Apesar da enorme quantidade de pessoas que atravessam o Darien Gap, a ajuda humanitária oferecida pelo governo panamenho tem sido insuficiente para lidar com as necessidades dos migrantes.
Segundo um relatório da organização Refugees International, que entrevistou dezenas de migrantes em estações de recepção no Panamá e na Costa Rica, muitos venezuelanos que conseguem cruzar a fronteira não encontram a assistência necessária para prosseguir com segurança em sua jornada.
O relatório destaca que os migrantes venezuelanos, após deixarem a selva de Darien, enfrentam uma série de dificuldades, incluindo a ameaça de deportação. A falta de apoio adequado por parte das autoridades panamenhas agrava ainda mais a situação, deixando esses indivíduos em condições precárias enquanto tentam seguir viagem para os Estados Unidos.
O novo presidente do Panamá, José Raúl Mulino, que assumiu o cargo em 1º de julho de 2024, tem adotado medidas para conter o fluxo migratório na região. Ele prometeu fechar diversos pontos de acesso que facilitam a travessia de migrantes através do Darien Gap. No entanto, a eficácia dessas medidas ainda é questionada, visto que o número de venezuelanos que continuam cruzando a fronteira permanece elevado.
A repressão política na Venezuela, somada às dificuldades econômicas, continua a empurrar milhares de cidadãos para fora do país. Muitos veem nos Estados Unidos a única esperança de uma vida digna e segura, longe do controle de Maduro.
No entanto, a rota através do Darien Gap permanece repleta de desafios, e os esforços para controlar esse fluxo não têm sido suficientes para impedir a fuga em massa de venezuelanos.