O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, conhecido como “carniceiro de Teerã”, morreu aos 63 anos após um acidente de helicóptero neste domingo, 19. Raisi, uma figura controversa, teve um papel significativo na política iraniana e foi sancionado pelos Estados Unidos devido à sua participação em execuções e repressões violentas. Sua morte marca o fim de uma liderança conservadora que alinhou o país com uma linha dura de governo.
Ebrahim Raisi – uma carreira controversa e seus alinhamentos políticos
Ebrahim Raisi ascendeu ao poder em junho de 2021, substituindo o moderado Hassan Rouhani. Sua vitória representou um retorno do controle das instituições políticas iranianas para uma linha conservadora e rígida. Raisi estava totalmente alinhado com o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, uma figura central na política e religião do país. Ambos faziam parte do mesmo grupo ideológico que tem dominado a política iraniana desde a Revolução Islâmica de 1979.
Raisi nasceu em 14 de dezembro de 1960, na cidade de Mashhad, um importante centro religioso xiita no nordeste do Irã. Desde jovem, ele foi influenciado pelo fervor religioso, ingressando em um seminário na cidade sagrada de Qom aos 15 anos. Sua trajetória no sistema judiciário iraniano foi marcada por uma postura implacável e repressiva, consolidando sua reputação como um defensor fervoroso do regime teocrático estabelecido pelo aiatolá Khomeini.
Participação em Execuções e Repressão
Durante a década de 1980, Raisi foi acusado de participar de execuções em massa de prisioneiros políticos, um capítulo sombrio da história iraniana. Essas ações contribuíram para sua imagem negativa no Ocidente e resultaram em sanções dos Estados Unidos. No entanto, dentro do Irã, Raisi era visto por muitos como um defensor dos valores revolucionários e da ordem teocrática.
A relação estreita entre Raisi e Khamenei foi um dos pilares de sua presidência. Ambos compartilham uma visão conservadora e religiosa para o futuro do Irã. Khamenei, que serviu como presidente do Irã entre 1981 e 1989 antes de se tornar o líder supremo, encontrou em Raisi um aliado leal e uma figura que poderia continuar sua agenda política e religiosa.
Tensão com o Ocidente
A presidência de Raisi foi marcada por uma crescente tensão com o Ocidente. Um dos eventos mais significativos foi a morte do general Qassem Soleimani em 2020, em um ataque norte-americano. Raisi manteve uma postura hostil em relação aos Estados Unidos e Israel, intensificando a retórica anti-ocidental. Ele apoiou abertamente o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, exacerbando as já tensas relações entre os dois países.
Primeira ação direta contra Israel
Sob a liderança de Raisi, o Irã realizou seu primeiro ataque direto contra Israel em 13 de abril, utilizando mais de 300 drones e mísseis. Embora a maioria desses ataques tenha sido repelida pelo sistema de defesa israelense, com o auxílio de aliados, o evento marcou uma escalada significativa na hostilidade entre os dois países e destacou a disposição de Raisi em confrontar diretamente seus adversários.
A morte de Ebrahim Raisi em um acidente de helicóptero encerra uma era de liderança conservadora no Irã. Sua trajetória política foi marcada por uma adesão firme aos princípios da Revolução Islâmica e uma postura rígida contra opositores internos e externos.
Com sua morte, o Irã enfrenta um momento de incerteza, enquanto a nação busca um novo líder que possa navegar os desafios políticos e sociais em um cenário global cada vez mais complexo.
O legado de Raisi será lembrado tanto por suas contribuições para a consolidação do regime teocrático quanto pelas controvérsias que marcaram sua carreira. Sua relação com o líder supremo Ali Khamenei e sua postura implacável no sistema judiciário iraniano deixam uma marca indelével na história contemporânea do Irã.