Após enfrentar uma significativa derrota nas últimas eleições municipais e em meio ao crescimento da direita no cenário político brasileiro, o Partido dos Trabalhadores (PT) reacendeu o debate sobre a regulamentação das redes sociais. Visando a “regulamentação das redes sociais”, o partido apresentou à Câmara dos Deputados um novo projeto de lei com o objetivo de introduzir controles sobre conteúdos digitais.
Reapresentação do PL da regulamentação das redes sociais
Nesta semana, o PT, por meio do deputado Pedro Uczai (PT-SC), protocolou o projeto de lei PL 4.144/2024, apelidado por críticos como “PL da Mordaça”, que visa a criação de mecanismos de fiscalização nas redes sociais. A proposta foca no “combate à desinformação” e sugere a criação de uma agência reguladora que teria o papel de supervisionar e fazer cumprir as novas diretrizes.
As empresas que não respeitassem as regras estabelecidas estariam sujeitas a penalidades, incluindo multas e suspensão temporária, como já ocorreu anteriormente com o Twitter (atual X), em decisões recentes do Supremo Tribunal Federal.
Segundo o texto apresentado pelo deputado Uczai, o novo órgão regulador teria autonomia para avaliar e agir sobre conteúdos que possam ser classificados como desinformação ou informações enganosas, buscando proteger o público de notícias falsas e proteger a integridade do processo eleitoral.
Esta agência reguladora teria, portanto, o poder de aplicar sanções que variam desde advertências até suspensão de plataformas que descumprissem as regulamentações propostas no PL. Esse controle sobre a regulamentação das redes sociais, segundo Uczai, seria necessário para preservar a democracia e manter um ambiente de comunicação honesto e transparente.
Em sua defesa, o deputado Uczai afirma que o projeto de regulamentação das redes sociais é uma medida essencial para “proteger a democracia”. Segundo ele, a proliferação de desinformação representa um risco real para o debate público, influenciando de maneira distorcida as opiniões dos eleitores e comprometendo o processo eleitoral.
O parlamentar destaca que campanhas de manipulação e disseminação de conteúdo falso podem ter impactos negativos sobre a política, interferindo no resultado de eleições e desvirtuando a realidade com fins particulares.
Limitações à liberdade de expressão
Embora o PT tenha destacado a necessidade de combater a desinformação, especialistas na área de direito digital e liberdade de expressão têm criticado a proposta, alertando para o risco de excessos.
De acordo com esses especialistas, a criação de uma agência reguladora e a imposição de sanções poderiam abrir precedentes para o controle exagerado sobre o conteúdo nas redes sociais, resultando em potenciais limitações ao livre exercício da expressão individual e coletiva. Para eles, o projeto deixa margem para interpretações que poderiam inibir a livre circulação de ideias e informações nas plataformas digitais.
O movimento para trazer novamente a “Regulamentação das Redes Sociais” à discussão pública foi motivado pela presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), após uma análise do desempenho do partido nas recentes eleições municipais.
O PT obteve um resultado aquém do esperado, elegendo apenas um prefeito em capitais (Fortaleza) e alcançando uma menor representatividade nas cidades do interior. O revés nas urnas intensificou o interesse do partido em buscar meios de combater o que consideram ser práticas de desinformação que podem ter prejudicado sua imagem e apoio junto ao eleitorado.