Em outubro, a inflação dos alimentos em São Paulo registrou a maior taxa do ano, com um avanço de 1,34%, de acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O preço da carne, especialmente bovina, foi um dos principais responsáveis pelo aumento, refletindo o impacto de fatores econômicos e climáticos sobre o setor alimentício. Essa alta reflete diretamente no bolso dos consumidores e demonstra uma tendência de pressões inflacionárias no segmento.
Crescimento do preço da carne e fatores determinantes
Em outubro, o preço da carne bovina teve uma elevação de 3,15%, contribuindo significativamente para o aumento geral dos preços de alimentos. De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o valor do boi gordo disparou no início do mês, alcançando cerca de R$ 320.
Essa alta é impulsionada por uma combinação de fatores como a menor oferta de gado e o aumento das exportações, o que reduziu o volume disponível para o mercado interno e pressionou os preços para cima.
Outro fator relevante é a crescente demanda externa por carne brasileira. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações de carne bovina in natura somaram 236 mil toneladas nas primeiras semanas de outubro, um aumento de 27% em relação ao ano anterior.
Quando considerada a média diária, a alta chega a 40%, totalizando receitas que ultrapassaram a marca de US$ 1,1 bilhão. Esse cenário impulsiona os preços no mercado interno, uma vez que os produtores buscam atender à demanda externa, que é altamente lucrativa, ao mesmo tempo em que a oferta de carne para consumo doméstico permanece reduzida.
Outros alimentos que influenciaram a inflação: Café, Óleo de Soja e Laranja
Além do aumento no preço da carne, outros alimentos essenciais tiveram alta e contribuíram para a inflação em São Paulo. O café, por exemplo, apresentou uma elevação significativa de preço devido a problemas climáticos que afetam a produção tanto no Brasil quanto no Vietnã. A safra brasileira tem sido afetada por condições climáticas desfavoráveis, o que eleva o custo do grão no campo e, consequentemente, no varejo.
O óleo de soja também se destaca entre os produtos que mais têm pesado no orçamento familiar. A oferta reduzida de soja, em parte causada pela quebra de safra no Brasil, e a demanda crescente para a mistura de biodiesel ao diesel, somada às exportações contínuas para a China, geraram um aumento no preço do óleo de soja nos supermercados.
Historicamente, o óleo de soja sofreu uma elevação de 164% entre 2019 e 2022. Apesar de um breve alívio em 2023, a tendência de alta voltou a se manifestar, com o produto acumulando um aumento de 12% no ano.
A laranja também apresentou alta nos preços devido a problemas nos pomares, ocasionados por doenças e questões climáticas. Esses fatores afetam a produção de suco de laranja, um produto de grande relevância para o Brasil, que é o principal exportador mundial.
Segundo a Fipe, o suco de laranja acumulou um aumento de 91% desde janeiro do ano passado. Esse cenário não parece dar sinais de arrefecimento, já que as condições adversas nas regiões produtoras continuam influenciando os preços.