*Sêmia Mauad/ Opinião MT
A investigação da Polícia Federal conseguiu interceptar diálogos entre um grupo de militares e o suposto executor do advogado Roberto Zampieri, assassinado em 2023, em Cuiabá. O crime teria sido cometido conforma a polícia pelo grupo que integrava serviços de espionagem e assassinatos de autoridades.
Foram encontradas provas de vínculos entre eles como transações bancárias efetuadas, além de registro de ligações telefônicas que foram realizadas próximas a data do crime.
Nas conversas divulgadas pela Polícia Federal, os suspeitos faziam uso de códigos e codinomes. Antônio Gomes era o empreiteiro. Caçadini, o engenheiro.
“Fala pro engenheiro que está bem tranquilo e os resultados ok. Cautela e parcimônia para não dar errado”, afirma Antônio. Hedilerson, por sua vez, diz: “vou passar pra ele o cronograma da obra”.

Depois de alguns dias, o próprio Caçadini, questiona: “Será que termina hoje? O cliente só fica me perguntando, está ansioso”.
Hedilerson e Antônio seguem conversando: “Eu não fico desesperado nestes casos para não errar. Pressão 12 por 8”. E Hedilerson diz: “cautela e sangue-frio”.
Segundo a polícia, o autor da execução é Antônio Gomes da Silva, que teria confessado. Imagens de câmeras de segurança mostram que o suspeito ficou sentado por cerca de uma hora, em um local que ficava perto do escritório de advocacia da vítima. Quando Zampieri deixou o local, o acusado se aproximou e disparou diversas vezes contra ele.
Antônio chegou a ir ao escritório da vítima, se mostrando interessado em contratar os serviços advocatícios. Segundo a polícia, contou ao advogado que tinha um sobrinho que morava nos Estados Unidos e tinha recebido uma herança e pretendia investir o dinheiro em compra de terras aqui no estado. O sócio de Zampieri chegou a achar a história “estranha”, mas Zampieri deu prosseguimento ao pedido.
Antônio Gomes passava as informações para Hedilerson Barbosa, instrutor de tiro, que teria sido responsável por contratar a execução. A polícia descobriu ainda que Hedilerson e o coronel da reserva do Exército, Etevaldo Caçadini, pretendiam estruturar uma empresa de espionagem e homicídios.
A Polícia também já efetuou a prisão de quem apontam como o principal suspeito do homicídio: o fazendeiro, Aníbal Manoel Laurindo.
As investigações ainda apontam que o crime pode estar relacionado com vendas de sentenças judiciais. E a morte do advogado teria sido encomendada por conta de disputas de terras.