A lateralidade, ou a preferência natural por usar mais um lado do corpo em detrimento do outro, sempre intrigou cientistas e leigos. Uma recente pesquisa publicada na revista Nature Communications traz novas luzes sobre este fenômeno, revelando a existência de um gene específico que pode determinar a tendência de uma pessoa ser canhota ou destra.
Este estudo aprofunda o entendimento da genética por trás de nossas preferências físicas, desde o estágio embrionário até a vida adulta.
O Papel da genética na lateralidade
Desde os primeiros dias de vida, ainda no útero, os seres humanos começam a mostrar sinais de preferência lateral. Essas inclinações, que vão desde a mão com que escrevemos até o lado do corpo que preferimos para abraçar, têm suas raízes na genética. A pesquisa mais recente neste campo destacou um avanço significativo: a identificação de variantes genéticas associadas à predisposição para ser canhoto.
A equipe de cientistas responsável pelo estudo analisou dados genéticos de aproximadamente 351.000 indivíduos, incluindo 313.000 destras e 38.000 canhotas.
A análise revelou uma presença 2,7 vezes maior de um gene específico de tubulina, conhecido como TUBB4B, em pessoas canhotas. Este gene é crucial para a codificação das tubulinas, proteínas fundamentais na formação dos microtúbulos, estruturas que desempenham papel essencial na manutenção da forma e no movimento celular.
O Impacto dos Microtúbulos
Os microtúbulos são componentes vitais das células, responsáveis pela formação de cílios que direcionam o fluxo de fluidos em ambientes celulares. Esta pesquisa sugere que a assimetria na atividade dos microtúbulos pode influenciar diretamente a lateralidade de uma pessoa. Tal descoberta abre caminho para investigações mais aprofundadas sobre como essa assimetria molecular afeta o desenvolvimento do cérebro nos estágios iniciais da vida.
Identificar o gene TUBB4B como um fator significativo para ser canhoto não apenas amplia nosso conhecimento sobre a biologia do desenvolvimento humano mas também lança luz sobre os complexos mecanismos que moldam a assimetria cerebral. À medida que a pesquisa avança, esperamos desvendar ainda mais os mistérios de como nossos corpos e cérebros se desenvolvem de maneira tão única e individualizada.