O empresário Paulo Cupertino foi condenado a 98 anos de prisão pelo assassinato do ator Rafael Miguel, conhecido por atuar na novela Chiquititas, e de seus pais, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Miguel. O julgamento ocorreu na 1ª Vara do Júri da Capital na última sexta-feira, dia 30, e foi presidido pelo juiz Antonio Carlos Pontes de Souza.
Segundo a acusação, Cupertino não aceitava o relacionamento de sua filha com Rafael. No dia do crime, ocorrido em 9 de junho de 2019, na Zona Sul de São Paulo, Rafael e seus pais foram até a residência do acusado com a intenção de conversar. No entanto, o encontro terminou de forma trágica, quando Cupertino efetuou 12 disparos contra as vítimas, resultando na morte de toda a família.
Detalhes do julgamento que condenou Paulo Cupertino
O julgamento teve início na manhã de quinta-feira, dia 29, e seguiu até o fim da noite, com oitiva de testemunhas e o interrogatório dos réus. Os trabalhos foram retomados na manhã de sexta-feira (30), culminando na decisão do júri popular e na leitura da sentença às 20h30.
A decisão reconheceu que os três homicídios foram qualificados por motivo torpe e pelo uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas. Na sentença, o juiz destacou que a conduta social de Cupertino foi avaliada de forma extremamente negativa, levando em consideração depoimentos de testemunhas que relataram episódios de agressões anteriores praticadas pelo réu contra sua ex-esposa e sua filha.
Além disso, o magistrado reforçou que o comportamento do condenado refletia um padrão de violência e intolerância, incompatível com as normas básicas de convívio familiar e social.
Argumentos da defesa foram rejeitados
Durante o processo, a defesa de Paulo Cupertino tentou alegar supostas nulidades, como falta de exame de corpo de delito e problemas na cadeia de custódia das provas. No entanto, o juiz refutou todas as alegações, afirmando que se tratavam de argumentos infundados e sem qualquer respaldo em elementos probatórios.
O juiz também pontuou quatro circunstâncias que agravaram a pena: conduta social, consequências do crime, forma de execução e grau de culpabilidade. De acordo com a decisão, a ação foi marcada por extrema violência e brutalidade, com Cupertino disparando repetidamente contra as vítimas, eliminando de forma cruel um núcleo familiar inteiro.
A pena-base foi estipulada em 28 anos de prisão para cada homicídio. Na segunda fase, com o reconhecimento de agravantes, especialmente o uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas, a pena subiu para 32 anos e 8 meses por cada crime. Somadas, as penas totalizaram 98 anos de reclusão, em regime inicialmente fechado.
Por outro lado, os outros dois réus no processo, Wanderley Antunes Ribeiro Senhora e Eduardo José Machado, foram absolvidos por falta de provas.
Relembre o caso que chocou o Brasil
O crime aconteceu em junho de 2019, quando Rafael Miguel, então com 22 anos, foi até a residência de Isabela Tibcherani, sua namorada na época, acompanhado de seus pais. A intenção do encontro era discutir a relação do casal, visto que Cupertino, pai de Isabela, não aceitava o namoro.

Câmeras de segurança registraram o momento em que Paulo Cupertino aparece armado e atira contra Rafael e seus pais, que morreram no local. A investigação revelou que o crime foi motivado por ciúmes e pela não aceitação do relacionamento da filha.
Após o crime, Cupertino fugiu e permaneceu foragido por quase três anos, tendo se escondido em diferentes estados brasileiros e até no exterior, como no Paraguai. Sua captura ocorreu em 17 de maio de 2022, quando foi encontrado pela Polícia Civil em um hotel na cidade de São Paulo, utilizando nome falso e documentos adulterados.