A ministra da Saúde, Nísia Trindade, enfrentou críticas durante audiência pública na Câmara dos Deputados, onde abordou a gestão de recursos e a vacinação. Ela atribuiu o desperdício de vacinas, incluindo 12,5 milhões de doses próximas ao vencimento, ao governo anterior, liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
A ministra da saúde e a sobre vacinas
Na audiência realizada nesta quarta-feira (13), Nísia Trindade foi interpelada pelos deputados Dr. Frederico (PRD-MG) e Kim Kataguiri (União-SP). As discussões incluíram a gestão do desperdício de vacinas e uma investigação do Ministério Público Federal, que apontou suposta “omissão” do governo atual no enfrentamento da pandemia.
O deputado Kim Kataguiri destacou que a gestão Nísia investiu 61% a menos na vacinação contra a dengue em comparação ao governo Bolsonaro.
Em resposta, a ministra afirmou que, ao assumir o cargo, encontrou 12,5 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 próximas da data de vencimento, resultado de problemas herdados da gestão anterior. “Todas as medidas foram tomadas contra o desperdício do governo anterior”, disse ela, em referência ao período de Marcelo Queiroga à frente do Ministério da Saúde entre 2021 e 2022.
Além do tema do desperdício de vacinas, a audiência também abordou a gestão de recursos e os desafios orçamentários enfrentados pela pasta. A ministra destacou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva restaurou o orçamento da saúde após cortes significativos. No entanto, evitou comentar a possível extinção do piso de Saúde e Educação, parte do pacote de ajustes fiscais do governo federal.
Nísia enfatizou sua postura de responsabilidade diante das adversidades. “Não sou nem otimista nem pessimista, sou uma pessoa responsável, consciente da minha responsabilidade como ministra”, afirmou.
Dengue e recorde de mortes
Outro tema que gerou repercussão foi o recorde de mortes por dengue no Brasil registrado em 2024. Durante uma sessão da Comissão de Saúde da Câmara, a ministra tentou minimizar o impacto dos dados ao argumentar que a taxa de letalidade da doença permaneceu estável, apesar do aumento absoluto no número de óbitos.
Segundo Nísia, a interpretação dos dados pela imprensa foi incorreta. “Há um uso totalmente equivocado do conceito de letalidade em saúde pública”, afirmou.
Desde o início da série histórica, em 2000, o país não havia registrado tantas mortes por dengue em um único ano. A ministra reforçou que ações estão em andamento para conter o avanço da doença, mas as críticas à gestão da crise permanecem.
Nísia também mencionou a importância de fortalecer a infraestrutura de saúde pública e criar estratégias para evitar novos casos de desperdício de vacinas, reforçando que a responsabilidade pelos problemas identificados é, em grande parte, resultado da administração anterior.