A obesidade é um problema de saúde pública que vem crescendo de forma alarmante no Brasil. Entre 2010 e 2024, a doença foi responsável por 45.310 mortes, representando um aumento de 75,3% no período, segundo dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde. O ano de 2021 registrou o maior número de óbitos, com 4.561 casos. Apesar de uma redução de 19,35% desde então, a obesidade continua sendo um desafio para o sistema de saúde e a sociedade.
Obesidade: Uma doença crônica reconhecida
Em 2013, a Associação Médica Americana (AMA) classificou a obesidade como uma doença crônica, reforçando a necessidade de tratá-la com seriedade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define como obesas as pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30 kg/m². No Brasil, o número de casos entre adultos maiores de 18 anos cresceu 105,9% entre 2006 e 2023, de acordo com o Vigitel (Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico).
A tendência é que o número de pessoas obesas no país continue aumentando. Um estudo realizado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), USP (Universidade de São Paulo) e outras instituições projeta que, até 2030, 30% dos brasileiros com mais de 17 anos serão obesos. Isso representa um crescimento médio de 3,35% ao ano. O cenário é preocupante, já que a obesidade está associada a diversas complicações de saúde, como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares.
Cirurgia Bariátrica: Uma solução limitada
A cirurgia bariátrica é uma das opções de tratamento para casos graves de obesidade, mas sua acessibilidade ainda é um desafio. Nos últimos cinco anos, 89,25% dos procedimentos foram realizados na rede privada, enquanto apenas 10,75% ocorreram no SUS (Sistema Único de Saúde). Para Juliano Canavarros, presidente da SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica), “falta um pouco mais de investimento e conscientização para ampliar o acesso a esse tipo de tratamento no sistema público”.
Ações do Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde afirma que oferece assistência integral a pessoas com sobrepeso e obesidade por meio da Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas, na qual a obesidade é um dos eixos temáticos. No entanto, especialistas alertam que é necessário ampliar as políticas públicas e os investimentos em prevenção e tratamento para conter o avanço da doença.