As queimadas na Amazônia atingiram níveis alarmantes em 2024, quase dobrando a média histórica para o período. Dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ) revelam que o estado teve 2,5 milhões de hectares queimados em agosto, superando significativamente a média de 1,4 milhões de hectares típica para o mês.
Milhões de hectares queimados
O cenário das queimadas na Amazônia é preocupante. Desde o início do ano, mais de 4,1 milhões de hectares já foram afetados pelos incêndios, causando impactos ambientais severos. O Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos, vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), detectou uma alta concentração de gases poluentes em uma extensa área, abrangendo desde a Amazônia até o Sul do Brasil, afetando mais de dez estados.
Além disso, os níveis dos rios na região amazônica já indicam um quadro de seca extrema, situação que pode se agravar ainda mais em setembro, tradicionalmente o período mais crítico de estiagem. Essa combinação de fatores cria um ambiente propício para a propagação e intensificação das queimadas.
Durante uma reunião extraordinária da sala de situação do governo federal, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, levantou suspeitas sobre a natureza dos incêndios. Segundo ela, embora as condições climáticas extremas tenham contribuído para a situação, há indícios de um movimento atípico que pode indicar ações criminosas deliberadas.
A ministra fez uma comparação com o episódio conhecido como “dia do fogo”, ocorrido em 2019, quando uma série de incêndios coordenados foi registrada no estado do Pará. Na época, o Ministério Público Federal denunciou uma ação orquestrada por fazendeiros para incendiar o bioma, em apoio ao enfraquecimento das políticas ambientais.
Ações das autoridades
Diante da gravidade da situação, as autoridades brasileiras estão tomando medidas para investigar e combater as queimadas na Amazônia e em outras regiões do país. A Polícia Federal abriu 31 inquéritos para apurar suspeitas de incêndios criminosos, sendo 29 deles focados em ocorrências na Amazônia e no Pantanal.
Em São Paulo, onde 48 municípios estão em alerta máximo de queimadas, duas pessoas foram presas por atear fogo em áreas de mata. O estado concentrou, em um único fim de semana, mais de 30% dos focos de calor do Brasil, com quase 2.200 registros.
Perspectivas futuras
As previsões para os próximos meses não são animadoras. Com a expectativa de um período de estiagem ainda mais severo em setembro, há temores de que a situação das queimadas na Amazônia possa se agravar ainda mais. Isso coloca em evidência a necessidade urgente de ações coordenadas entre os diferentes níveis de governo, sociedade civil e comunidade internacional para proteger a floresta amazônica.