Cid Moreira, um dos maiores ícones da comunicação no Brasil, faleceu nesta quinta-feira (3), aos 97 anos. Reconhecido por sua voz inconfundível e sua longa carreira, ele foi uma figura central na história do telejornalismo brasileiro. Internado em Petrópolis, Rio de Janeiro, onde tratava de uma pneumonia, Cid Moreira encerra um legado inestimável. Ao longo de sua trajetória, o jornalista marcou época, especialmente por sua atuação no Jornal Nacional, onde se tornou referência.
Início da Carreira e Ascensão no Rádio
Cid Moreira nasceu em 1927, na cidade de Taubaté, São Paulo, filho de Isauro Moreira, bibliotecário, e Elza Moreira, dona de casa. Com uma formação inicial em contabilidade, Cid iniciou sua jornada no mundo da comunicação em 1944, quando fez um teste de locução na Rádio Difusora de Taubaté. Sua estreia nos microfones foi um marco, e logo ele passou a narrar comerciais e a desenvolver suas habilidades como locutor.
Até 1949, Cid Moreira já se destacava no rádio e, com o tempo, sua carreira o levou a São Paulo, onde trabalhou na Rádio Bandeirantes. Paralelamente, ele colaborou com a Propago Publicidade, estabelecendo-se como uma voz respeitada no meio publicitário.
Transferência para o Rio de Janeiro e primeiros passos na TV
Em 1951, Cid Moreira se transferiu para o Rio de Janeiro, onde foi contratado pela Rádio Mayrink Veiga. Durante sua permanência nessa emissora até 1956, ele ampliou suas experiências, incluindo a estreia na televisão.
Cid fez aparições em programas importantes da época, como “Além da Imaginação” e “Noite de Gala”, onde apresentava comerciais ao vivo. Esse período marcou suas primeiras interações com o formato televisivo, dando início à transição de sua carreira para as telas.
O Marco como ‘Locutor de Noticiários’
A estreia de Cid Moreira como locutor de noticiários aconteceu em 1963, quando integrou a equipe do “Jornal de Vanguarda”, na TV Rio. Sua voz firme e seu estilo singular de apresentar as notícias logo chamaram a atenção de outros veículos de comunicação, abrindo portas para novas oportunidades na televisão.
Em 1969, Cid Moreira entrou para a equipe da TV Globo, onde substituiu Luís Jatobá no “Jornal da Globo”. O telejornal de 15 minutos, exibido diariamente, trouxe a Cid a visibilidade necessária para se firmar como uma das maiores figuras da televisão. Foi nesse mesmo ano que ele fez parte da primeira equipe do Jornal Nacional, telejornal que marcaria sua carreira para sempre.
A Era do Jornal Nacional
Com a estreia do Jornal Nacional em setembro de 1969, Cid Moreira foi alçado à posição de apresentador do primeiro telejornal transmitido em rede no Brasil.
Ao lado de Hilton Gomes, Cid conduzia o programa, que apresentava diariamente um resumo das principais notícias do Brasil e do mundo. Dois anos depois, Cid iniciou uma parceria de mais de uma década com Sérgio Chapelin, consolidando ainda mais sua presença nas casas de milhões de brasileiros.
Ao longo de 26 anos, Cid Moreira manteve-se como uma das principais figuras do Jornal Nacional. Sua imagem e sua voz se tornaram sinônimos de credibilidade e profissionalismo no jornalismo televisivo. Ele marcou gerações e fez parte da história de momentos importantes, transmitindo com serenidade e firmeza as notícias que moldaram o Brasil e o mundo.
Em 1996, a TV Globo decidiu reformular o Jornal Nacional, e Cid Moreira foi substituído por William Bonner e Lillian Witte Fibe, uma mudança significativa na estrutura do programa. Com isso, Cid passou a se dedicar exclusivamente à leitura de editoriais e outros projetos especiais dentro da emissora.
Mesmo fora da bancada do Jornal Nacional, Cid Moreira continuou sendo uma presença constante no imaginário do público brasileiro. Seu legado transcende as telas, influenciando gerações de jornalistas e locutores.
A morte de Cid Moreira marca o fim de uma era no jornalismo brasileiro. Sua trajetória de mais de cinco décadas dedicadas à comunicação, desde os primeiros passos no rádio até se consolidar como ícone da televisão, deixa um legado de seriedade e profissionalismo.
Cid Moreira não foi apenas um apresentador; ele representou a confiança que os brasileiros depositaram no jornalismo ao longo de décadas. Sua contribuição para a comunicação é imensurável, e sua memória continuará viva nos corações de todos que o acompanharam durante sua brilhante carreira.