O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou as condenações de José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, por corrupção em processos conduzidos pelo ex-juiz Sergio Moro. A decisão marca mais uma reviravolta jurídica envolvendo a Operação Lava Jato, destacando a suspeição de Moro e seus efeitos sobre processos contra figuras políticas, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A decisão de Gilmar Mendes
Gilmar Mendes decidiu anular as duas condenações impostas a José Dirceu, ex-ministro de Lula, após pedido de sua defesa. A medida estende ao ex-ministro os efeitos de decisões anteriores que declararam Moro suspeito para atuar em processos contra o presidente.
Com isso, Dirceu vê canceladas todas as sentenças proferidas contra ele no âmbito da Lava Jato, incluindo penas de 23 anos e 11 anos de prisão por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
A primeira condenação ocorreu em 2016, quando Moro sentenciou Dirceu a 23 anos por envolvimento em esquemas de corrupção na Petrobras. A segunda, em 2017, resultou em 11 anos e três meses de prisão, igualmente por corrupção e lavagem de dinheiro. A defesa de Dirceu argumentou que o ex-juiz atuou com parcialidade em casos contra Lula, o que, segundo o STF, também impactou os processos de José Dirceu.
A decisão de Gilmar Mendes restabelece os direitos políticos de José Dirceu, possibilitando uma eventual candidatura futura. Esta decisão vem se somar a outras anuladas pelo STF que questionam a imparcialidade de Moro, especialmente em ações envolvendo líderes petistas.
Em diversas ocasiões, o Supremo anulou sentenças relacionadas à Lava Jato, movidas por ministros como Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, sob o entendimento de que os processos foram conduzidos com interesses questionáveis.
Repercussões da anulação para a Lava Jato
Com as condenações anuladas, a decisão de Gilmar Mendes reforça o entendimento do STF sobre a suspeição de Sergio Moro, decisão essa tomada inicialmente em relação a Lula. Esse posicionamento do Supremo abre precedente para revisões de outros processos, refletindo um enfraquecimento das sentenças da Lava Jato.
Mendes justificou sua decisão com base em indícios de motivação política e interesse pessoal nas atuações de Moro, o que configuraria uma atuação suspeita e tendenciosa.
O ministro Gilmar Mendes declarou que havia uma suposta cooperação indevida entre o ex-juiz Moro e a força-tarefa da Lava Jato. Segundo Mendes, diálogos entre Moro e procuradores revelaram que estratégias processuais eram previamente alinhadas, o que configura uma conduta irregular em termos jurídicos.
Esse conluio, conforme exposto pelo ministro, resultava na antecipação de conteúdos que favoreciam o Ministério Público, mesmo quando o processo já não estava sob alçada de Moro.
Mendes ressaltou que a condenação de José Dirceu era uma peça importante no arcabouço de acusações que visavam também o presidente Lula. Segundo o ministro, Moro e a força-tarefa da Lava Jato construíram narrativas contra diversos réus, entre eles Dirceu, como forma de sustentar as denúncias contra Lula. O ministro acrescentou que essa atuação justifica a anulação de todos os atos processuais do ex-juiz, sendo aplicável exclusivamente aos processos envolvendo Dirceu.