Nicolás Maduro tomou posse para seu terceiro mandato nesta sexta-feira (10), prometendo transformar este novo período presidencial em um “período de paz”. No entanto, a cerimônia em Caracas, marcada por controvérsias, ocorre em um cenário de crise política, econômica e social na Venezuela, além de denúncias de fraude eleitoral que contestam a legitimidade de sua vitória.
Maduro Toma posse com promessa de paz
A cerimônia de posse aconteceu na Assembleia Nacional da Venezuela, em Caracas, com a presença de ministros, apoiadores internacionais e o presidente do Parlamento, Jorge Rodríguez. Durante o evento, Nicolás Maduro jurou lealdade à Constituição venezuelana e reafirmou seu compromisso com o legado de Hugo Chávez, prometendo que o novo mandato será um período dedicado à paz.
Em seu discurso, Maduro destacou que sua vitória representa a continuidade de uma “resistência histórica contra o imperialismo” e garantiu que sempre respeitou a Constituição. Apesar disso, o processo eleitoral que resultou em sua reeleição continua sendo alvo de questionamentos, tanto dentro quanto fora do país.
Fraude eleitoral e contestação internacional
As eleições presidenciais de julho de 2024 foram marcadas por denúncias de irregularidades. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado pelo governo de Maduro, declarou o atual presidente vitorioso, mas não apresentou as atas do pleito. Observadores internacionais, como o Centro Carter, confirmaram as acusações de fraude.
Edmundo González, líder oposicionista que afirma ter vencido as eleições com mais de 67% dos votos, prometeu assumir a presidência. Ele tem buscado apoio diplomático na América Latina e nos Estados Unidos para contestar o resultado. Diversos países, como Argentina, Estados Unidos, Costa Rica e Uruguai, reconhecem González como presidente eleito da Venezuela.
Enquanto isso, Nicolás Maduro divulgou dados oficiais que indicam sua vitória com 51,2% dos votos contra 44,2% de González, uma narrativa contestada por informações da oposição e relatórios independentes.
O novo mandato de Maduro acontece em um cenário de colapso político e econômico. Nos últimos anos, a Venezuela enfrentou uma grave crise humanitária, que resultou no êxodo de cerca de 8 milhões de cidadãos. A repressão governamental também cresceu significativamente, com a prisão de aproximadamente 1.800 ativistas políticos, conforme organizações de direitos humanos.
Além disso, o impacto da crise é sentido em toda a região, já que países vizinhos têm enfrentado o desafio de acolher milhões de refugiados venezuelanos.
Apoio e reconhecimento do governo brasileiro
Maduro toma posse com a presença da embaixadora brasileira Gilvânia Maria de Oliveira, enviada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão do presidente brasileiro de enviar uma representante foi interpretada como um reconhecimento oficial ao governo de Maduro, apesar de tensões recentes na relação entre os dois líderes.
Embora Lula tenha cobrado transparência nas eleições, a aliança histórica entre Brasil e Venezuela foi reafirmada com a presença da embaixadora na cerimônia. Por outro lado, outros países latino-americanos têm adotado uma postura mais crítica em relação ao regime chavista.