O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu enviar a embaixadora do Brasil na Venezuela, Glivânia Maria de Oliveira, para representar o governo brasileiro na posse de Nicolás Maduro, marcada para 10 de janeiro. A posse de Maduro ocorre em meio a polêmicas eleitorais que geraram questionamentos dentro e fora da Venezuela.
Representação Brasileira na Posse de Maduro
A presença da embaixadora brasileira na posse de Nicolás Maduro indica um gesto diplomático do Brasil em relação ao governo venezuelano. Apesar de não haver confirmação sobre o formato da cerimônia, se pública ou restrita, a decisão de enviar um representante é vista como uma postura oficial de reconhecimento à reeleição de Maduro.
A escolha da embaixadora para o evento ocorre enquanto o presidente Lula segue em recuperação de procedimentos médicos realizados em dezembro, que limitam viagens prolongadas. Além disso, a relação entre os líderes de Brasil e Venezuela se desgastou ao longo de 2024, agravada pela controvérsia eleitoral venezuelana.
Questionamentos sobre as Eleições Venezuelanas
As eleições presidenciais na Venezuela, realizadas em 28 de julho de 2024, foram amplamente contestadas pela comunidade internacional. O Conselho Nacional Eleitoral, controlado pelo governo de Maduro, anunciou sua vitória em 28 de julho e confirmou os resultados em 2 de agosto. No entanto, a decisão de não divulgar os boletins de urna gerou dúvidas sobre a transparência do processo.
Outro ponto de tensão foi o impedimento da principal líder opositora, María Corina, de disputar o pleito. Ela foi barrada em junho de 2023, sob alegações de “irregularidades administrativas” e apoio a esquemas de corrupção. O Supremo Tribunal venezuelano manteve a decisão em janeiro de 2024, eliminando qualquer possibilidade de sua candidatura.
Com a impossibilidade de María Corina participar, sua aliada Corina Yoris tentou formalizar sua candidatura, mas enfrentou dificuldades devido a supostas falhas no sistema eleitoral. A ausência de uma candidatura sólida abriu espaço para que o diplomata Edmundo González surgisse como o principal nome da oposição, embora sem apoio suficiente para desafiar o controle do governo.
A decisão do Conselho Nacional Eleitoral de não divulgar as atas eleitorais foi respaldada pelo Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela, que declarou em agosto que os dados permaneceriam confidenciais. Essa atitude reforçou as acusações de irregularidades no processo.
Reconhecimento Diplomático Brasileiro
No Brasil, a decisão de enviar um representante à posse de Maduro foi interpretada por membros do governo como um gesto de aceitação da reeleição do presidente venezuelano. Apesar disso, o governo brasileiro evitou fazer declarações formais sobre os resultados da eleição e chegou a solicitar a divulgação das atas, sem sucesso.
Esse reconhecimento implícito ocorre em um cenário de tensões políticas entre os dois países, marcadas pela deterioração das relações em 2024. Enquanto setores governistas veem a decisão como um passo para normalizar as relações bilaterais, críticos apontam para o risco de reforçar um governo amplamente questionado internacionalmente.