*Sêmia Mauad/ Opinião MT
Foram levantados conflitos de interesse envolvendo a realização do leilão de arroz importado realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Isso porque haveria supostamente a participação ativa de empresas recentemente estabelecidas, e que teriam ligação com o então deputado federal e ex-ministro da Agricultura, Neri Geller, que atualmente ocupa cadeira como secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura.
As empresas envolvidas são a Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e a Foco Corretora de Grãos, que foram fundadas em maio do ano passado por Robson Luiz de Almeida França. Ele é conhecido por ter atuado como assessor de Geller entre os anos de 2019 e 2020. Atualmente, Robson ocupa a presidência da BMT.
Além disso, outro fator que chamou a atenção é que o filho de Neri Geller, Marcelo Piccini Geller, também estabeleceu empresa com França. Marcelo ainda teria ligação com o atual diretor de Operações e Abastecimento da Conab, Thiago dos Santos, que atua no gabinete de Neri Geller.
A preocupação está justamente aí uma vez que França realizou mediação na venda de parcela significativa, ou seja 44%, do arroz importado e que foi disponibilizado no leilão da Conab. A negociação representou montante de 116 toneladas de arroz, do total de pouco mais de 263 mil toneladas do cereal.
As empresas juntas arremataram um montante de R$ 580 milhões de reais, dos R$ 1,3 bilhão movimentados pelo certame. Inclusive, as comissões de corretagem das empresas foram calculadas com base nesses valores.
Diante do fato, há especulação sobre a possibilidade de favorecimento no processo de leilão por parte de Neri Geller.
Os envolvidos negam veementemente qualquer tipo de favorecimento neste sentido, e enfatiza a “transparência e legalidade de suas operaçoes”.