*Sêmia Mauad/ Opinião MT
O juiz Ivan Lúcio Amarante, da Comarca de Vila Rica, em Mato Grosso, foi alvo de um mandado de busca e apreensão na manhã desta quinta-feira, dia 29 de maio, durante a 8ª fase da Operação Sisamnes. O magistrado é suspeito de ter recebido, pelo menos, R$ 1 milhão em propina do advogado Roberto Zampieri, que foi assassinado em 2023.
Amarante já estava afastado de suas funções desde outubro de 2024, por decisão liminar do corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell Marques, devido a suspeitas de envolvimento em um esquema de venda de sentenças judiciais. Nesta quinta, seu afastamento foi reforçado por uma decisão do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
DETALHES DA INVESTIGAÇÃO E MOVIMENTAÇÕES SUSPEITAS
Na última terça-feira, dia 27 de maio, durante sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) foi instaurado contra o juiz, e seu afastamento foi mantido. Segundo informações apresentadas pelo ministro Campbell em seu voto, Amarante teria recebido aproximadamente R$ 1 milhão de Roberto Zampieri.
A investigação aponta que parte dos valores teria sido repassada por meio de terceiros, incluindo a atual esposa do juiz, Mara Patrícia Nunes Amarante, e a ex-esposa, Jucimara de Souza Amarante. Ambas teriam realizado transferências para o magistrado por meio de empresas de fachada no setor de transporte.
Um dos indícios que mais chamou a atenção dos investigadores foi o compartilhamento da chave Pix de Mara entre Ivan e Roberto Zampieri. Além disso, entre setembro de 2023 e julho de 2024, Mara Patrícia realizou 43 transferências bancárias ao juiz, que somam cerca de R$ 750,9 mil. No entanto, a empresa registrada em nome de Mara não possui capacidade financeira compatível com essas operações, já que não tem funcionários registrados nem atividade operacional condizente com os valores movimentados.
Entre fevereiro de 2022 e janeiro de 2023, a empresa JSA Logística e Transportes Ltda, ligada à ex-esposa do magistrado, movimentou R$ 208 mil em 10 repasses para Ivan.
O juiz está sob investigação após apurações da Polícia Federal identificarem movimentações financeiras suspeitas entre o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves que é apontado como líder de um esquema de venda de sentenças, e familiares do magistrado.
O ministro Campbell destacou ainda que o valor total recebido pode ultrapassar R$ 1 milhão, uma vez que a análise completa dos dados fiscais da esposa do juiz ainda está em andamento.
As investigações continuam para desvendar a extensão do suposto esquema de corrupção.